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Especialistas consideram modesto o pacote de medidas anunciado por Bush
DE WASHINGTON
Há um mês, economistas e
analistas econômicos de diversas tendências avisavam que a
crise detonada pela inadimplência dos tomadores de financiamentos imobiliários
com crédito ruim era maior do
que apenas isso, mas que, para
resolver a turbulência que se
seguiu, seria necessário resolver essa crise.
Ou, como resumiu à Folha o
economista liberal Nouriel
Roubini, "o problema é de crédito, não de liquidez". Para ele,
as injeções de dólares quase
diárias que o Banco Central
norte-americano vem fazendo
há três semanas tranqüilizam o
mercado, mas não resolvem o
problema principal: "Pessoas
comuns que não têm dinheiro
para pagar suas dívidas".
Foi para responder a esse tipo de crítica e atender ao "cidadão comum" que o presidente
Bush anunciou ontem seu pacote de medidas, dirigido especificamente ao setor imobiliário. Ainda assim, alguns consideraram o remédio fraco demais para a doença que pretende curar.
"Justamente quando parecia
que milhões de proprietários
ficariam com não muito mais
do que aves-marias para salvar
suas casas, o presidente decidiu usar algumas jogadas do livro de regras dos democratas",
ironizou o senador de oposição
Chuck Schumer, líder informal
da causa "subprime" no Congresso. "É um primeiro passo
bom e promissor, mas há muito mais a ser feito."
Prevê-se que pelo menos 2,2
milhões de hipotecas terão
suas taxas de juros reajustadas
para cima nos próximos dois
anos -contratos de pessoas
sem crédito, que não terão como pagar as novas prestações
dos contratos imobiliários.
Se todas as ações propostas
pelo presidente norte-americano fossem aprovadas hoje
pelo Congresso dos Estados
Unidos ou implantadas pela
Casa Branca, apenas 21% do
contingente seria diretamente
atingido.
Uma das propostas presidenciais -a mudança nos mecanismos da FHA (órgão do governo que regula o setor habitacional), por exemplo-, atingirá, depois de aprovada, apenas 80 mil mutuários. Por isso,
Jared Bernstein, do Instituto
de Política Econômica de Washington, diz acreditar que "as
propostas são relativamente
pequenas. São úteis e ajudarão
algumas pessoas a evitar a execução judicial, mas não resolverão os problemas."
"Muitos continuarão com a
água na altura do pescoço", resume Ellen Harnick, diretora
do Centro por Empréstimos
Responsáveis de Durham, na
Carolina do Norte.
(SD)
Com agências internacionais
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