São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Especialistas consideram modesto o pacote de medidas anunciado por Bush

DE WASHINGTON

Há um mês, economistas e analistas econômicos de diversas tendências avisavam que a crise detonada pela inadimplência dos tomadores de financiamentos imobiliários com crédito ruim era maior do que apenas isso, mas que, para resolver a turbulência que se seguiu, seria necessário resolver essa crise.
Ou, como resumiu à Folha o economista liberal Nouriel Roubini, "o problema é de crédito, não de liquidez". Para ele, as injeções de dólares quase diárias que o Banco Central norte-americano vem fazendo há três semanas tranqüilizam o mercado, mas não resolvem o problema principal: "Pessoas comuns que não têm dinheiro para pagar suas dívidas".
Foi para responder a esse tipo de crítica e atender ao "cidadão comum" que o presidente Bush anunciou ontem seu pacote de medidas, dirigido especificamente ao setor imobiliário. Ainda assim, alguns consideraram o remédio fraco demais para a doença que pretende curar.
"Justamente quando parecia que milhões de proprietários ficariam com não muito mais do que aves-marias para salvar suas casas, o presidente decidiu usar algumas jogadas do livro de regras dos democratas", ironizou o senador de oposição Chuck Schumer, líder informal da causa "subprime" no Congresso. "É um primeiro passo bom e promissor, mas há muito mais a ser feito."
Prevê-se que pelo menos 2,2 milhões de hipotecas terão suas taxas de juros reajustadas para cima nos próximos dois anos -contratos de pessoas sem crédito, que não terão como pagar as novas prestações dos contratos imobiliários.
Se todas as ações propostas pelo presidente norte-americano fossem aprovadas hoje pelo Congresso dos Estados Unidos ou implantadas pela Casa Branca, apenas 21% do contingente seria diretamente atingido.
Uma das propostas presidenciais -a mudança nos mecanismos da FHA (órgão do governo que regula o setor habitacional), por exemplo-, atingirá, depois de aprovada, apenas 80 mil mutuários. Por isso, Jared Bernstein, do Instituto de Política Econômica de Washington, diz acreditar que "as propostas são relativamente pequenas. São úteis e ajudarão algumas pessoas a evitar a execução judicial, mas não resolverão os problemas."
"Muitos continuarão com a água na altura do pescoço", resume Ellen Harnick, diretora do Centro por Empréstimos Responsáveis de Durham, na Carolina do Norte. (SD)


Com agências internacionais


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