|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMÉRCIO
Faturamento real cresce 15,52% em agosto sobre mesmo mês de 2001
Consumidores antecipam compras
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A expectativa de aumento de
preços, como reflexo da alta do
dólar e da troca de governo, está
levando os consumidores a antecipar as compras, na análise da
FCESP (Federação do Comércio
do Estado de São Paulo).
Em agosto, o faturamento real
do comércio da região metropolitana de São Paulo subiu 10,56%
sobre julho e 15,52% sobre igual
mês do ano passado.
Além da antecipação de compra, esse crescimento nas vendas
se deve também ao pagamento da
correção do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)
-parte desse dinheiro está indo
para o consumo. O medo da inflação deve também ter impacto no
consumo de setembro e outubro.
Os supermercados continuam
registrando melhor desempenho
de vendas entre todos os setores
do comércio. Em agosto, pelo levantamento da FCESP, as vendas
desse setor subiram 35,97% sobre
igual mês do ano passado e
20,72% sobre julho. As farmácias
e perfumarias também registraram bom desempenho. O crescimento foi de 10,30% e 5,03%, respectivamente, no período.
Os produtos que não dependem
de crédito estão tendo melhor desempenho. É que os consumidores estão com medo de assumir
dívidas nesse cenário de dólar em
alta e da proximidade da troca de
governo. Sem contar que as taxas
de juros continuam elevadas.
O comércio de bens duráveis,
que reúne as lojas de departamento, utilidades domésticas, cine, foto e som, óticas e móveis, faturou
em agosto 0,13%, em média, mais
do que em igual mês do ano passado. Sobre julho, o aumento foi
de 2,91%. As lojas de roupas, tecidos e calçados registraram crescimento de 3,47% nas vendas em
agosto sobre igual mês do ano
passado, mas venderam 2,08%
menos do que em julho.
Na análise dos economistas da
FCESP, o clima de incerteza que
vive a economia brasileira por
causa das eleições e do aumento
da inflação está levando os consumidores a fazer algum estoque
doméstico, especialmente de alimentos e de produtos de menor
valor. Eles acreditam que essa situação se prolonga até a definição
de qual será o rumo da economia
com o novo governo.
"Ninguém vai correr para comprar carro agora ou outros produtos de maior valor", afirma Fábio
Pina, economista da FCESP. Em
agosto, as vendas das concessionárias de veículos caíram 13,99%
na comparação com igual mês de
2001 e 1,95% em relação a julho.
A procura por materiais de
construção também não vai tão
bem, na análise da FCESP. Em
agosto, o faturamento dessas lojas
subiu 1,02% em relação a igual
mês do ano passado e 2,61% em
relação a julho.
Para os economistas da federação, a situação desse setor do comércio é parecida com a das lojas
de bens de consumo duráveis
(eletroeletrônicos) -isto é, como
as taxas de juros estão elevadas, os
consumidores não querem arriscar a comprar a prazo e depois
correr o risco de não poder pagar.
Os consumidores, segundo a
Folha ouviu de lojistas, estão mais
preocupados agora em pagar as
dívidas para poder comprar no final do ano. Isso se economia se
acalmar com o novo governo.
Texto Anterior: Opinião Econômica - Benjamin Steinbruch: Time do Brasil Próximo Texto: Volume de cheques sem fundos cai 8% Índice
|