São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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COMÉRCIO

Faturamento real cresce 15,52% em agosto sobre mesmo mês de 2001

Consumidores antecipam compras

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa de aumento de preços, como reflexo da alta do dólar e da troca de governo, está levando os consumidores a antecipar as compras, na análise da FCESP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
Em agosto, o faturamento real do comércio da região metropolitana de São Paulo subiu 10,56% sobre julho e 15,52% sobre igual mês do ano passado.
Além da antecipação de compra, esse crescimento nas vendas se deve também ao pagamento da correção do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) -parte desse dinheiro está indo para o consumo. O medo da inflação deve também ter impacto no consumo de setembro e outubro.
Os supermercados continuam registrando melhor desempenho de vendas entre todos os setores do comércio. Em agosto, pelo levantamento da FCESP, as vendas desse setor subiram 35,97% sobre igual mês do ano passado e 20,72% sobre julho. As farmácias e perfumarias também registraram bom desempenho. O crescimento foi de 10,30% e 5,03%, respectivamente, no período.
Os produtos que não dependem de crédito estão tendo melhor desempenho. É que os consumidores estão com medo de assumir dívidas nesse cenário de dólar em alta e da proximidade da troca de governo. Sem contar que as taxas de juros continuam elevadas.
O comércio de bens duráveis, que reúne as lojas de departamento, utilidades domésticas, cine, foto e som, óticas e móveis, faturou em agosto 0,13%, em média, mais do que em igual mês do ano passado. Sobre julho, o aumento foi de 2,91%. As lojas de roupas, tecidos e calçados registraram crescimento de 3,47% nas vendas em agosto sobre igual mês do ano passado, mas venderam 2,08% menos do que em julho.
Na análise dos economistas da FCESP, o clima de incerteza que vive a economia brasileira por causa das eleições e do aumento da inflação está levando os consumidores a fazer algum estoque doméstico, especialmente de alimentos e de produtos de menor valor. Eles acreditam que essa situação se prolonga até a definição de qual será o rumo da economia com o novo governo.
"Ninguém vai correr para comprar carro agora ou outros produtos de maior valor", afirma Fábio Pina, economista da FCESP. Em agosto, as vendas das concessionárias de veículos caíram 13,99% na comparação com igual mês de 2001 e 1,95% em relação a julho.
A procura por materiais de construção também não vai tão bem, na análise da FCESP. Em agosto, o faturamento dessas lojas subiu 1,02% em relação a igual mês do ano passado e 2,61% em relação a julho.
Para os economistas da federação, a situação desse setor do comércio é parecida com a das lojas de bens de consumo duráveis (eletroeletrônicos) -isto é, como as taxas de juros estão elevadas, os consumidores não querem arriscar a comprar a prazo e depois correr o risco de não poder pagar.
Os consumidores, segundo a Folha ouviu de lojistas, estão mais preocupados agora em pagar as dívidas para poder comprar no final do ano. Isso se economia se acalmar com o novo governo.


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