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EM TRANSE
Alta da moeda pela manhã elevou valor médio do dia, chamado Ptax
Negócios com dólar cotado a R$ 3,96 dão lucro ao mercado
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de o dólar ter fechado
em queda ontem, seu preço médio calculado com base em todos
os negócios feitos ao longo do
dia-chamado Ptax-subiu para
R$ 3,89. Esse valor ponderado do
dólar será suficiente para garantir
altos lucros tanto aos investidores
que tinham títulos públicos cambiais que serão recomprados hoje
pelo BC quanto a aqueles que
apostavam em alta da moeda norte-americana no mercado futuro.
O Ptax de ontem ficou 3,45%
acima da cotação de fechamento
do dólar comercial e subiu 1,06%
em relação ao seu valor da última
sexta-feira. Em dias como ontem,
essa taxa média ponderada do valor da moeda norte-americana é
muito mais importante para o
mercado do que a cotação de fechamento do dólar comercial.
Vencimentos
Isso porque o Ptax é o valor de
referência usado para o cálculo de
quanto rendeu, por exemplo,
qualquer título público cambial
durante determinado período. É
o que vai acontecer hoje quando
vence um lote de US$ 1,25 bilhão
de dívida cambial. Como o BC só
conseguiu rolar cerca de 20% deste total, deverá recomprar hoje os
80% restantes e pagará a variação
cambial com base no Ptax de R$
3,89 de ontem.
A mesma lógica vale para o vencimento dos contratos de dólar
futuro de setembro na BM&F
(Bolsa de Mercadorias e Futuros).
Quem tiver apostado na alta da
moeda norte-americana no mercado futuro e, portanto, comprado contratos de dólar, terá um
grande lucro devido ao elevado
valor do Ptax de ontem, que também serve de referência para os
fechamentos na BM&F.
Como o Ptax é o valor que determina o tamanho dos lucros dos
investidores que tenham posições
compradas em dólar em dias como hoje, a tendência é que estes
tentem direcionar o mercado na
véspera a fim de garantir que o
dólar suba. Foi exatamente o que
aconteceu ontem.
Durante a manhã, a pressão de
compra do dólar no mercado à
vista foi muito forte. A moeda
norte-americana chegou a atingir
o valor máximo de R$ 3,967. Depois disso, as cotações recuaram
devido a pesadas intervenções feitas pelo Banco Central.
Tarde demais
Estima-se no mercado que a autoridade monetária, o BC, tenha
vendido algo entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões para tentar conter a desvalorização do
real. Essas vendas foram suficientes para fazer a cotação do dólar
cair e fechar o dia a R$ 3,76, mas
não conseguiram jogar para baixo
o valor do Ptax.
Isso porque a maior parte dos
negócios feitos com câmbio acontecem na parte da manhã, entre a
abertura do mercado, às 10h, e a
pausa para o horário do almoço,
às 13h. Quando o BC começou a
intervir ontem no início da tarde,
os negócios de maior peso-que
mais contribuem para a formação
do preço médio do dólar-já haviam ocorrido. Os altos lucros de
quem apostava contra o BC já estavam, portanto, garantidos.
O Ptax de ontem ficou R$ 0,27
acima ao da última terça-feira,
véspera de outro grande vencimento de títulos cambiais. Na
verdade, o movimento de ontem
foi o inverso do ocorrido na semana passada.
Na terça-feira passada, o dólar
subiu ainda mais durante a tarde,
movimento considerado atípico
para um dia de fechamento de
Ptax. Geralmente, os investidores
pressionam o dólar na parte da
manhã-quando sabem que
ocorrerão os negócios mais importantes para a formação do preço médio-e as cotações cedem
um pouco durante a tarde.
Na terça passada, no entanto,
um importante banco europeu
comprou dólares para enviar para
fora do país no meio da tarde. A
transação fez com que a cotação
da moeda norte-americana fechasse a R$ 3,78, menos do que o
Ptax de R$ 3,62 daquele dia.
O objetivo do uso do Ptax é tentar determinar o preço justo do
dólar diariamente. O dólar pode,
por exemplo, oscilar em torno de
um determinado valor durante
todo o dia, mas apenas um negócio de grande volume é capaz de
puxar a cotação para cima ou para
baixo. Para evitar esse tipo de distorção, o BC calcula o Ptax, que é
usado como referência para vários tipos de transações feitas no
mercado assim como para os cálculos de variação cambial para o
fechamento de balanços de bancos e empresas.
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