São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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Dólar rende 24,9% no mês e lidera o ranking

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apostar no dólar foi a melhor opção de investimento em setembro. A moeda norte-americana acumulou alta de 24,9% no período e deixou a Bolsa na "lanterninha" do ranking das aplicações.
Depois de ensaiar uma recuperação em agosto, a Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o mês com a maior queda mensal desde setembro do ano passado, quando os atentados terroristas aos EUA sacudiram o mercado financeiro internacional.
O investidor que aplicou em uma carteira teórica igual ao Ibovespa -índice que acompanha a oscilação das 55 principais ações da Bolsa- acumulou perdas de 16,95% em setembro.
No ano, o investidor que não saiu da Bolsa paulista acumula perdas de 36,5%. Na outra ponta, o dólar está com alta de 62,5% no período.
O ouro segue de perto a escalada da moeda dos EUA. O metal, negociado na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), subiu 20,97% em setembro. No ano, os ganhos superam os 74%.
A escalada do dólar deu uma trégua ontem, após a moeda chegar a negociada a R$ 3,967. Mas, avaliam analistas, a baixa de ontem não deve ser encarada como uma mudança de trajetória no câmbio. A definição da eleição presidencial e os vencimentos que as empresas têm no exterior nas próximas semanas -somada à dívida pública atrelada ao câmbio que vence no período- podem voltar a trazer turbulência ao câmbio.
Nas aplicações que acompanham o DI (que considera os juros interbancários) o ganho foi, em média, de 1,38%. Já o CDB (Certificado de Depósito Bancário) prefixado para grande investidor rendeu na média em setembro 1,47%.

Inflação em alta
Essas aplicações não conseguiram bater a inflação registrada pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado, da Fundação Getúlio Vargas) no mês, que ficou em 2,4%.
A alta da inflação tem atraído os investidores para os fundos que acompanham o IGP-M, que têm crescido em volume significativamente nas últimas semanas.
No mercado paralelo, a alta do dólar tem sido um pouco menos intensa que a registrada pelo segmento comercial do câmbio (que considera as transações realizadas por exportadores e importadores, além dos negócios interbancários). O "black" acumulou valorização de 18,5% em setembro. A pressão menor é explicada pela demanda menos intensa pelo dólar no paralelo.

Fuga
Com o péssimo desempenho do mercado acionário local, a fuga dos investidores estrangeiros continua forte. Somente nos primeiros 20 dias de setembro, o saldo entre compras e vendas de ações por estrangeiros na Bolsa paulista ficou negativo em R$ 192,2 milhões. Neste ano, o resultado negativo acumulado está em R$ 1,84 bilhão.


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