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ANÁLISE
Mudanças nas taxas feitas pelo BC desvirtuam sistema
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A meta oficial de inflação
para o próximo ano é de
4%; o Banco Central projeta, para
o mesmo ano, uma taxa de 4,5%;
o próprio BC anuncia que sua
atuação visará atingir uma inflação de 5%; e o mercado, também
para 2003, prevê uma taxa de
5,5%.
Os dados mostram que o sistema brasileiro de metas de inflação
desvirtuou o princípio mais básico de uma política desse tipo: as
metas fixadas devem ter credibilidade suficiente para balizar as expectativas de empresários, investidores e consumidores.
Pela lógica simples que rege o
mecanismo, se todos acreditam
que o BC perseguirá com sucesso
seu objetivo, não há razão para remarcações preventivas de preços
ou reivindicações salariais extras
-e esse comportamento leva à
inflação desejada.
Hoje, porém, o que ocorre é
quase o oposto: o BC anuncia,
com grande antecedência, que
não buscará a meta central de inflação do próximo ano, e sim uma
taxa mais próxima às previsões
anteriores do mercado.
E não se trata de uma exceção à
regra: também foram abandonadas, sempre de forma transparente, as metas de 2001 e de 2002.
Dificuldades
A experiência internacional ajuda a entender os problemas na
economia do Brasil com o regime
adotado em 1999, após o início da
desvalorização do real ocorrido
em janeiro daquele ano.
Inglaterra, Canadá e Nova Zelândia estão entre os pioneiros na
adoção do sistema de metas, que,
na maior parte dos casos, foi iniciado tendo como ponto de partida uma inflação já baixa ou em
processo de queda.
Também se recomenda que o
país utilize um índice que expurgue eventuais choques transitórios na economia -idéia que o
governo rejeitou, por temer acusações de manipulação.
Um estudo divulgado ontem
pelo Banco Central mostra que o
Brasil, entre 12 países com sistema
de metas, é o que tem a inflação
mais afetada por oscilações da taxa de câmbio. Essa lista inclui economias emergentes, como Chile,
Tailândia, África do Sul e República Tcheca.
A mesma comparação evidencia as dificuldades do país com a
adaptação ao regime de câmbio
flutuante -que, com as metas de
inflação, é citado entre os maiores
progressos da gestão do Banco
Central.
Pela concepção original do governo Fernando Henrique Cardoso, o dólar livre só viria após uma
série de reformas estruturais que
dessem ao país maior estabilidade
econômica. Foi a escassez de reservas do Banco Central que, em
99, precipitou sua adoção.
(GUSTAVO PATÚ)
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