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Cresce a dívida do governo atrelada ao câmbio
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida interna do governo federal atrelada ao câmbio (à variação do dólar) deverá bater recorde histórico em setembro e ultrapassar 40% do estoque total de
papéis públicos em poder do
mercado. Em agosto, a exposição
cambial da dívida ficou em
34,98%.
A Folha apurou que o volume
global da dívida mobiliária (em títulos, certificados de débitos do
governo) deverá encerrar setembro próximo de R$ 650 bilhões.
Isso representa um aumento de
4,5% em relação ao saldo verificado no final de agosto, quando o
total da dívida somou R$ 622 bilhões.
O aumento da exposição cambial é resultado da escalada do dólar (Ptax), que subiu 28,87% apenas em setembro. Ontem, a cotação Ptax -a taxa de câmbio calculada pela média ponderada pelo Banco Central- fechou em R$
3,89 contra R$ 3,02 no encerramento de agosto.
A elevação da exposição cambial da dívida ocorreu mesmo
com o resgate líquido (recompra)
de cerca de R$ 5 bilhões realizado
pelo Tesouro Nacional e pelo
Banco Central em setembro.
Na prática, isso quer dizer que o
governo retirou do mercado R$ 5
bilhões a mais em títulos do que
emitiu. Somente na semana passada, o Banco Central recomprou
US$ 1,5 bilhão em papéis cambiais. O motivo dessa estratégia
do BC é a alta da taxa de juros em
dólar. O mercado vem cobrando
um alto preço para a rolagem dessa dívida, taxa de juros que o BC
não quer pagar.
Tensão realimentada
O volume da dívida pública
atrelada ao câmbio tem sido motivo de preocupação constante do
FMI (Fundo Monetário Internacional) e do mercado. O governo
tem respondido que, da mesma
forma que a alta da moeda estrangeira aumenta a exposição cambial, a queda do dólar contribui
para reduzi-la.
Além disso, a variação da moeda norte-americana, segundo o
governo, apenas provoca gasto
efetivo no momento do resgate
dos títulos no mercado.
Esse movimento pôde ser observado em agosto, quando houve depreciação da moeda americana. No mês anterior (julho), a
exposição cambial tinha atingido
37,05%. Com a queda do dólar,
essa proporção caiu para 34,98%.
Julho havia sido o mês em que a
participação dos títulos com correção cambial batera o recorde
histórico de participação no total
da dívida mobiliária desde que o
Tesouro Nacional começou a fazer um levantamento sistemático
desses dados, em dezembro de
1999.
A dívida do governo federal
atrelada ao câmbio inclui papéis
corrigidos pela cotação da moeda
norte-americana e contratos de
"swap" cambial.
Os contratos de "swap" pagam
ao investidor tudo o que a oscilação do dólar superar a variação
acumulada pela taxa de juros num determinado período.
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