|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Situação é grave com Lula ou Serra, diz Soros
DE WASHINGTON
Um dia depois de prever a bancarrota do Brasil, o financista
George Soros disse ontem não ter
nada contra o PT ou contra a capacidade da atual equipe econômica de administrar a dívida.
"Mesmo se Serra (José Serra,
candidato do PSDB à Presidência) fosse eleito, não acho que os
juros (reais sobre a dívida) cairiam para um patamar nem próximo de 10%. A economia ficaria
cambaleante, sangrando lentamente, do mesmo modo", disse à
Folha.
Soros disse ainda compreender
a reação negativa do presidente
do BC, Armínio Fraga, e do ministro da Fazenda, Pedro Malan, a
suas declarações pessimistas de
domingo, na TV americana ABC.
Soros dissera: "O Brasil está perto
de ter eleições. Será eleito um presidente que não é apreciado pelos
mercados. As taxas de juros (risco-país) vão chegar a 25%. A essa
altura, o Brasil estará falido."
Ontem, o financista disse que
não vê razões para se retratar, mas
compreende os motivos de Armínio. "Posso entender. Sou um
grande admirador de Armínio.
Ele tem suas razões para não concordar comigo. É compreensível."
Antes de assumir o BC, Armínio
administrou um dos fundos especulativos de Soros em Nova York.
A Folha perguntou a Soros se os
dois conversaram nos últimos
dias, já que ambos vieram a Washington para a reunião anual do
FMI e seminários paralelos. "Não
quero entrar nesse assunto."
Segundo o financista, suas críticas não são ao Brasil, mas sim ao
sistema financeiro internacional e
aos mercados. "Tenho certeza de
que Lula pode ser amigo dos mercados, desde que eles permitam
que ele o seja. Se Lula conseguir
convencer os mercados a cobrar
taxa de juros reais de 10%, e não
de 25%, tenho certeza de que ele
optaria por administrar a dívida,
sem reestruturá-la. Mas não acho
que os mercados darão uma
chance a ele. Talvez dêem, mas eu
ficaria surpreso." Para Soros, trata-se de um grave problema de
aversão ao risco no mundo - insolúvel, seja Lula ou Serra o próximo presidente brasileiro.
Texto Anterior: Volcker Próximo Texto: "Ficou mais difícil para o país", diz Williamson Índice
|