São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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"Ficou mais difícil para o país", diz Williamson

DE WASHINGTON

John Williamson, economista inglês radicado nos Estados Unidos, funciona como uma espécie de linha de frente da equipe econômica brasileira em Washington. Desde agosto, vem dizendo que a dívida pública brasileira é delicada, mas não irremediável. Segundo um documento que escreveu sobre o assunto, o próximo governo conseguirá imprimir uma trajetória declinante à relação dívida/PIB adotando políticas responsáveis, taxas de juros menores e uma moeda se apreciando gradativamente.
Quando escreveu o estudo, o dólar estava a R$ 2,92, e o risco-país, a 1.759 pontos. Desde então, o câmbio pulou para R$ 3,75, e o risco-país, a 2.450 pontos. Confrontado com a deterioração dos mercados, Williamson admitiu à Folha que o cenário está pior, bem pior. "Tudo ficou mais difícil", disse. "Espero e acredito que essa situação seja transitória e que, portanto, meu estudo ainda seja válido."
Indagado sobre qual seria a utilidade de seu estudo se o país estiver diante de uma situação definitiva, na qual os atuais câmbio e custo da dívida permaneçam no atual patamar, sua resposta sai num tom mais baixo: "Aí, seria melhor reestruturar [a dívida". Seria muito ruim para o Brasil, mas não o fim do mundo".
Sob a ótica do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, as previsões de Williamson geralmente destroem análises pessimistas, como as de Morris Goldstein, que, há meses, diz que a moratória do país é inevitável. Morris e Williamson trabalham no IIE (Institute for International Economics), renomado instituto sediado em Washington.
Confrontados num debate ontem, pareciam falar sobre países diferentes. Morris diz que a política fiscal brasileira tem sido um desastre: "É por isso que o endividamento público chegou a 62% do PIB. Williamson, por sua vez, diz que se trata de um problema externo: "O Brasil é vítima de um problema sistêmico".
(MARCIO AITH)


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