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"Ficou mais difícil para o país", diz Williamson
DE WASHINGTON
John Williamson, economista
inglês radicado nos Estados Unidos, funciona como uma espécie
de linha de frente da equipe econômica brasileira em Washington. Desde agosto, vem dizendo
que a dívida pública brasileira é
delicada, mas não irremediável.
Segundo um documento que escreveu sobre o assunto, o próximo governo conseguirá imprimir
uma trajetória declinante à relação dívida/PIB adotando políticas
responsáveis, taxas de juros menores e uma moeda se apreciando
gradativamente.
Quando escreveu o estudo, o
dólar estava a R$ 2,92, e o risco-país, a 1.759 pontos. Desde então,
o câmbio pulou para R$ 3,75, e o
risco-país, a 2.450 pontos. Confrontado com a deterioração dos
mercados, Williamson admitiu à
Folha que o cenário está pior,
bem pior. "Tudo ficou mais difícil", disse. "Espero e acredito que
essa situação seja transitória e
que, portanto, meu estudo ainda
seja válido."
Indagado sobre qual seria a utilidade de seu estudo se o país estiver diante de uma situação definitiva, na qual os atuais câmbio e
custo da dívida permaneçam no
atual patamar, sua resposta sai
num tom mais baixo: "Aí, seria
melhor reestruturar [a dívida".
Seria muito ruim para o Brasil,
mas não o fim do mundo".
Sob a ótica do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do Banco Central, Armínio
Fraga, as previsões de Williamson
geralmente destroem análises
pessimistas, como as de Morris
Goldstein, que, há meses, diz que
a moratória do país é inevitável.
Morris e Williamson trabalham
no IIE (Institute for International
Economics), renomado instituto
sediado em Washington.
Confrontados num debate ontem, pareciam falar sobre países
diferentes. Morris diz que a política fiscal brasileira tem sido um
desastre: "É por isso que o endividamento público chegou a 62%
do PIB. Williamson, por sua vez,
diz que se trata de um problema
externo: "O Brasil é vítima de um
problema sistêmico".
(MARCIO AITH)
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