São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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TRANSE LATINO

Organismo quer avanço em quatro pontos

FMI impõe novas exigências para dar ajuda financeira à Argentina

DE BUENOS AIRES

O FMI (Fundo Monetário Internacional) informou ontem que o governo argentino ainda deve avançar em quatro pontos se deseja assinar um acordo que possibilite a rolagem das dívidas com os organismos financeiros internacionais que vencem nos próximos meses.
Depois das reuniões do ministro Roberto Lavagna (Economia) com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, e com o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, o organismo não confirmou as informações divulgadas pela imprensa argentina de que o acordo sairia ainda nesta semana.
Segundo a nota distribuída pelo FMI, a ajuda será acertada "tão breve quanto possível" porque a Argentina ainda precisa mostrar soluções para a elaboração de um programa monetário "confiável", garantir que as Províncias manterão políticas de austeridade fiscal, reforçar a estratégia de fortalecimento dos bancos e buscar consenso político para o acordo.

Sinal
Ontem, os jornais "La Nación" e "Ambito Financiero" haviam interpretado que o prolongamento das reuniões entre funcionários argentinos e do FMI de amanhã para quinta-feira seria um sinal de que o acordo estava a ponto de ser fechado. Pela tarde, o próprio Lavagna admitiu que o governo "ainda precisa continuar trabalhando".
Segundo a imprensa local, o governo prometeu que o Banco Central argentino não vai mais imprimir pesos até o final deste ano para conquistar a confiança do FMI.

Conversão
Além disso, Lavagna também teria dito que todos os correntistas com dinheiro congelado nos bancos desde dezembro do ano passado receberiam títulos públicos caso a Justiça decidisse inverter a conversão dos depósitos em dólares para pesos determinada em fevereiro.
Diversos juízes de primeira e segunda instâncias já declararam que a "pesificação" é inconstitucional. Caso essas sentenças sejam confirmadas pela Corte Suprema em um processo que deve ser analisado nas próximas semanas, a maioria dos bancos argentinos estaria em risco, segundo o próprio governo.

Champanhe
O presidente Eduardo Duhalde disse ontem que o fechamento do acordo com o FMI não seria um motivo para o governo comemorar "com garrafas de champanhe".
Para ele, a ajuda do organismo serviria para o próximo governo começar a negociar a retomada do pagamento da dívida externa e para ajudar o setor produtivo a recuperar o crédito.
No entanto Duhalde, que ontem foi novamente obrigado a negar rumores de que renunciaria se não houvesse um acordo com o FMI, lembrou que a Argentina já começa a mostrar sinais de recuperação mesmo sem ajuda. (JS)


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