São Paulo, quinta, 1 de outubro de 1998

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PROTECIONISMO
Siderúrgicas norte-americanas afirmam que Brasil, Rússia e Japão exportam produto subvalorizado
EUA acusam o Brasil de dumping do aço

das agências internacionais

Um grupo de siderúrgicas dos Estados Unidos está entrando com um processo antidumping junto às autoridades do país contra as importações de aço brasileiro e de mais dois países, sob acusação de estarem subvalorizadas.
As 12 empresas, entre elas quatro das cinco maiores do setor nos EUA, acusam o Brasil, a Rússia e o Japão de exportar o aço carbono laminado a quente a preços abaixo do custo, em concorrência desleal (dumping), roubando mercado dos produtos norte-americanos.
As empresas querem que o Departamento de Comércio e a Comissão de Comércio Internacional estabeleçam taxas punitivas ou cotas de importação.
O aço brasileiro já é sobretaxado ao entrar nos Estados Unidos, também como medida antidumping.
Segundo as empresas, a participação dos três países no mercado de aço norte-americano subiu de 4,3% em 95 para mais de 28% hoje. Somente em julho deste ano, as vendas teriam totalizado 750 mil toneladas, ou 67% das importações do produto. O aço carbono é usado em automóveis e máquinas de lavar.
"Nunca vi, em 35 anos de carreira, os preços do aço baixarem tão rapidamente e o volume aumentar tão fortemente", disse Paul Wilhelm, diretor-presidente da US Steel Group, a maior siderúrgica dos EUA.
"Estamos absolutamente em crise. Chamamos as autoridades norte-americanas para que tomem ações imediatas para deter essas importações", afirmou.
Pela lei norte-americana, a decisão deve sair apenas em outubro de 99, mas o grupo quer um tratamento acelerado que estabeleça tarifas provisórias em 50 dias.
Também subscrevem a ação a Bethlehem Steel, a LTV e a National Steel, respectivamente terceira, quarta e quinta maiores dos EUA, além de outras oito empresas menores.
Na Argentina, a siderúrgica Siderar também acusou o Brasil e a Rússia de dumping nas vendas de aço e denunciou os países, mais a Ucrânia, a uma entidade do governo local.
A empresa, que tem participação minoritária da Usiminas, acusa sobretudo a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) de "ameaçar" o mercado argentino com a baixa dos preços, segundo seu vice-presidente, Javier Tizado.

Europa
A União Européia também estuda a imposição de medidas antidumping a certos tipos de aço brasileiro.
A Confederação Européia de Indústrias de Aço e Ferro (Eurofer) já obteve este mês a abertura de investigações contra exportações da Eslovênia e África do Sul e confirmou que prepara mais denúncias.
Os preços do aço no mercado internacional estão caindo, mas a produção deverá ser mantida nos mesmos patamares de 1997, cerca de 793 milhões de toneladas.



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