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MERCADO DE TRABALHO
Índice ainda é o maior registrado para o mês, mas é inferior aos 8,02% de julho, segundo o IBGE
Desemprego cai para 7,80% em agosto
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
A taxa de desemprego em agosto
ficou em 7,80%, informou ontem
o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). Houve ligeiro recuo, de 0,22 ponto percentual, em relação à taxa de julho
(8,02%).
Ainda assim, é o maior índice de
desemprego já registrado para o
mês de agosto, e as projeções do
IBGE são de que a taxa anual será
também a mais alta desde 83,
quando o instituto começou a divulgar o índice pela metodologia
atual.
Segundo a consultora do IBGE
Shyrlene Ramos de Souza, as taxas
mensais neste ano têm ficado, sistematicamente, dois pontos percentuais acima das do ano passado. Se a tendência permanecer
-e, segundo ela, tudo indica isso-, 98 deverá fechar com uma
taxa de desemprego de 7,6%. A
maior taxa anual já registrada foi
de 7,12%, em 1984.
A taxa de desemprego em agosto
de 97 foi de 5,95%. Segundo a consultora, a partir de julho ocorre
uma queda sazonal da taxa de desemprego, porque as empresas começam a se preparar para o aquecimento das vendas no final do
ano.
Dezembro costuma ser o mês de
menor desemprego, mas a taxa
volta a subir em janeiro, mês em
que as vendas caem e muitos trabalhadores entram em férias.
Segundo o levantamento do IBGE, a população economicamente
ativa (pessoas com 15 anos ou
mais que estejam trabalhando ou à
procura de trabalho) identificada
em agosto é 0,8% superior à de julho. O número de empregados aumentou 1,1%, e o de pessoas à procura de trabalho caiu 2%, na comparação com o mês anterior.
Em relação a agosto de 97, os números mostram crescimento de
34,6% no número de pessoas desocupadas e à procura de trabalho.
Maior entre as mulheres
Segundo o instituto, o desemprego é maior entre as mulheres
(8,51%) do que entre os homens
(7,31%) e vem aumentando principalmente entre os jovens. A taxa
em agosto chegou a 19,06% na faixa de 15 a 17 anos. Em agosto do
ano passado, o percentual, nessa
faixa de idade, era de 14,85%.
O IBGE pesquisa o desemprego
em seis regiões metropolitanas
(São Paulo, Rio de Janeiro, Recife,
Belo Horizonte, Porto Alegre e
Salvador).
O levantamento de agosto mostra outro lado cruel da crise: os desempregados estão levando, em
média, 23,08 semanas (quase seis
meses) até encontrarem um novo
trabalho. Em agosto do ano passado, o prazo médio era de 17,68 semanas. Ou seja, o tempo de espera
aumentou em quase um mês e
meio.
Índices regionais
Recife teve em agosto a maior taxa de desemprego do país
(9,79%), enquanto a menor
(5,73%) foi constatada no Rio de
Janeiro. Na Grande São Paulo, está
em 8,64%.
Segundo a consultora do IBGE,
o setor com maior desemprego
(9,21%, em média) é o da indústria
de transformação. O quadro é
mais grave em São Paulo (10,08%)
e em Salvador (10,34%). O desemprego na construção civil está em
9,02%, contra 8,31% no comércio
e 6,21% em serviços.
O rendimento real médio caiu
3,5% nos últimos 12 meses e está
em R$ 674,69 para os que têm carteira assinada, em R$ 550,54 para
os empregados sem carteira e em
R$ 559,37 para os autônomos.
Um dado curioso: segundo o IBGE, o rendimento médio dos empregadores, nas seis regiões metropolitanas, é de 17,24 salários
mínimos, ou R$ 2.241,20.
Ainda segundo o instituto,
16,68% da população economicamente ativa está desocupada ou
ganha menos de um salário mínimo (R$ 130) por mês. Em agosto
de 97, o índice era de 14,06%.
"Excelente"
O ministro Edward Amadeo
(Trabalho) disse que o comportamento da taxa de desemprego em
agosto foi "excelente" para o período.
O ministro não quis fazer previsões para os próximos meses, mas
usou o verbo no passado para falar
do desempenho do mercado de
trabalho em agosto. "Havia sinais
claros de recuperação do emprego
em agosto."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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