São Paulo, quinta, 1 de outubro de 1998

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MERCADO DE TRABALHO
Índice ainda é o maior registrado para o mês, mas é inferior aos 8,02% de julho, segundo o IBGE
Desemprego cai para 7,80% em agosto

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

A taxa de desemprego em agosto ficou em 7,80%, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Houve ligeiro recuo, de 0,22 ponto percentual, em relação à taxa de julho (8,02%).
Ainda assim, é o maior índice de desemprego já registrado para o mês de agosto, e as projeções do IBGE são de que a taxa anual será também a mais alta desde 83, quando o instituto começou a divulgar o índice pela metodologia atual.
Segundo a consultora do IBGE Shyrlene Ramos de Souza, as taxas mensais neste ano têm ficado, sistematicamente, dois pontos percentuais acima das do ano passado. Se a tendência permanecer -e, segundo ela, tudo indica isso-, 98 deverá fechar com uma taxa de desemprego de 7,6%. A maior taxa anual já registrada foi de 7,12%, em 1984.
A taxa de desemprego em agosto de 97 foi de 5,95%. Segundo a consultora, a partir de julho ocorre uma queda sazonal da taxa de desemprego, porque as empresas começam a se preparar para o aquecimento das vendas no final do ano.
Dezembro costuma ser o mês de menor desemprego, mas a taxa volta a subir em janeiro, mês em que as vendas caem e muitos trabalhadores entram em férias.
Segundo o levantamento do IBGE, a população economicamente ativa (pessoas com 15 anos ou mais que estejam trabalhando ou à procura de trabalho) identificada em agosto é 0,8% superior à de julho. O número de empregados aumentou 1,1%, e o de pessoas à procura de trabalho caiu 2%, na comparação com o mês anterior.
Em relação a agosto de 97, os números mostram crescimento de 34,6% no número de pessoas desocupadas e à procura de trabalho.

Maior entre as mulheres
Segundo o instituto, o desemprego é maior entre as mulheres (8,51%) do que entre os homens (7,31%) e vem aumentando principalmente entre os jovens. A taxa em agosto chegou a 19,06% na faixa de 15 a 17 anos. Em agosto do ano passado, o percentual, nessa faixa de idade, era de 14,85%.
O IBGE pesquisa o desemprego em seis regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador).
O levantamento de agosto mostra outro lado cruel da crise: os desempregados estão levando, em média, 23,08 semanas (quase seis meses) até encontrarem um novo trabalho. Em agosto do ano passado, o prazo médio era de 17,68 semanas. Ou seja, o tempo de espera aumentou em quase um mês e meio.

Índices regionais
Recife teve em agosto a maior taxa de desemprego do país (9,79%), enquanto a menor (5,73%) foi constatada no Rio de Janeiro. Na Grande São Paulo, está em 8,64%.
Segundo a consultora do IBGE, o setor com maior desemprego (9,21%, em média) é o da indústria de transformação. O quadro é mais grave em São Paulo (10,08%) e em Salvador (10,34%). O desemprego na construção civil está em 9,02%, contra 8,31% no comércio e 6,21% em serviços.
O rendimento real médio caiu 3,5% nos últimos 12 meses e está em R$ 674,69 para os que têm carteira assinada, em R$ 550,54 para os empregados sem carteira e em R$ 559,37 para os autônomos.
Um dado curioso: segundo o IBGE, o rendimento médio dos empregadores, nas seis regiões metropolitanas, é de 17,24 salários mínimos, ou R$ 2.241,20.
Ainda segundo o instituto, 16,68% da população economicamente ativa está desocupada ou ganha menos de um salário mínimo (R$ 130) por mês. Em agosto de 97, o índice era de 14,06%.

"Excelente"
O ministro Edward Amadeo (Trabalho) disse que o comportamento da taxa de desemprego em agosto foi "excelente" para o período.
O ministro não quis fazer previsões para os próximos meses, mas usou o verbo no passado para falar do desempenho do mercado de trabalho em agosto. "Havia sinais claros de recuperação do emprego em agosto."


Colaborou a Sucursal de Brasília



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