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TEORIA E PRÁTICA
Documento prevê alta de até 7% do PIB
Pacto social vincula aplicações financeiras a áreas estratégicas
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A primeira versão do pacto social negociado pelo governo Luiz
Inácio Lula da Silva com trabalhadores e empresários sugere taxas
de 7% de crescimento da economia em três anos e a vinculação de
aplicações do sistema financeiro
privado a setores estratégicos definidos pelo governo, além de restrições à Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Essas propostas aparecem entre
as 16 cláusulas do documento encaminhado ontem aos 90 representantes da sociedade civil e 12
ministros que integram o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. É mais uma etapa
do debate do que Lula chamou de
novo Contrato Social, parente do
que o filósofo Jean-Jacques Rousseau pregava no século 18: princípios básicos de relacionamento
entre Estado e sociedade.
O ministro Tarso Genro, secretário do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, disse
que os fundamentos do pacto social foram extraídos de debates
anteriores com os membros do
grupo: "As cláusulas não refletem
ainda uma unanimidade, mas temos condições de costurar um
grande consenso".
Ele não considera o objetivo de
crescimento econômico de 7% ao
ano exagerado, ainda que represente muito mais do que os 4,5%
de crescimento do PIB (o conjunto de riquezas do país) que aparecem nas estimativas oficiais para
o último ano de mandato de Lula.
"Não acho que esteja fora da realidade, é a taxa ideal a ser discutida", sustentou Tarso Genro. O
texto do documento deixa claro
que a intenção não é determinar
mudanças imediatas nem corrigir
políticas de governo por ora.
A cláusula sétima da proposta
de Contrato Social trata da "função" do sistema financeiro privado e parece ser a mais polêmica.
Ela sugere que os bancos subordinem a aplicação de recursos a segmentos estratégicos ou prioritários definidos pelo próprio governo. Hoje, a maior parte do dinheiro financia a dívida pública. Os
presidentes dos dois maiores bancos privados nacionais têm assento no conselho: Roberto Egydio
Setubal (Itaú) e Márcio Artur
Cypriano (Bradesco).
Em outro trecho, o documento
enviado aos conselheiros e ministros reforça a estratégia de política
externa defendida pelo Itamaraty.
A cláusula décima insiste no fortalecimento do Mercosul e diz: "A
Alca não pode ser aceita como um
processo de colonização comercial da América".
O pacto social perseguido por
Lula só deve ficar pronto em junho de 2005. Países como Espanha, Portugal, Itália, Alemanha,
Áustria e Holanda tiveram experiências semelhantes.
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