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Seae não quer exclusividade à Monsanto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) do Ministério da Fazenda mostrou ontem
que não concorda com as cláusulas de exclusividade firmadas pela
Monsanto com empresas e fundações brasileiras na comercialização de soja transgênica (geneticamente modificada).
Parecer da Seae divulgado ontem aprova os acordos comerciais
firmados entre a Monsanto e a
FMT (Fundação Mato Grosso) e a
Unisoja. Mas recomenda ao Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que só libere o
acordo definitivamente se for retirada do contrato a cláusula de exclusividade.
O Cade, vinculado ao Ministério da Justiça, é o órgão que decide as questões sobre concorrência
na esfera administrativa.
Essa cláusula determina que as
empresas brasileiras, com sede
em Rondonópolis (MT), ficam
proibidas de comercializar outras
variedades de soja transgênica resistentes ao glifosato (agrotóxico)
que não as da Monsanto. Atualmente, somente a soja da Monsanto é resistente ao agrotóxico,
mas existe a possibilidade de outros produtos serem lançados no
mercado.
De acordo com a Seae, a Monsanto fez o mesmo tipo de acordo
com a Coodetec (Cooperativa
Central Agropecuária de Desenvolvimento Tecnológico e Econômico) e com a Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Os contratos, portanto,
abrangem 82,7% do mercado de
oferta de sementes de soja para
plantio.
Para a Seae, o poder de mercado
da Monsanto com os acordos pode impedir outras empresas concorrentes de entrarem no Brasil.
"A propósito, nem as requerentes
nem qualquer uma das empresas
consultadas por essa secretaria
conseguiram dar uma justificativa aceitável para essa restrição
[cláusula]", diz o parecer.
O parecer da Seae informa ainda que a Monsanto faturou R$
939 milhões no Brasil em 2002. O
faturamento do grupo foi de R$
1,7 bilhão. O faturamento da FMT
foi de R$ 12 milhões em 2002 e o
da Unisoja, de R$ 1,7 milhão.
A Folha entrou em contato ontem com a Monsanto, mas não
obteve resposta até o fechamento
desta edição.
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