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MERCADO ACIONÁRIO
Compradores externos levaram 51% dos títulos ofertadas neste ano na Bovespa por 5 grandes empresas
Estrangeiro lidera compra de novas ações
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do propalado crescimento do interesse do pequeno
investidor no mercado acionário,
ainda é o investidor mais qualificado que dá sustentabilidade à
Bolsa. A prova disso é o resultado
de ofertas públicas realizadas em
2004: quem mais comprou ações
foi o investidor estrangeiro.
Um levantamento feito com as
emissões primárias e secundárias
de ações de cinco empresas (Natura, CCR, Gol, ALL e Braskem)
no mercado doméstico neste ano
mostra que o investidor estrangeiro ficou com 51,45% do volume total ofertado. Os fundos de
investimento levaram outros
23,21%, e o investidor pessoa física, 14,45% do total.
O montante comprado pelos estrangeiros representa R$ 1,12 bilhão. Isso sem levar em consideração a parcela de ações ofertadas
no mercado internacional.
Para Ike Rahmani, diretor da
Tática Asset Management, "o investidor estrangeiro vê boas oportunidades de ganho" no mercado
acionário brasileiro. "Muitas vezes, é mais vantajoso aplicar em
uma ação de uma empresa brasileira, que tem perspectiva de alta
maior que a de [empresas de] outros países", avalia Rahmani.
A participação do estrangeiro
no pregão da Bovespa sempre foi
avaliada como fundamental para
a sustentação do mercado. Entre
1994 e 2002, o estrangeiro deteve a
maior participação nos negócios
realizados no pregão. Em 2003,
perdeu a liderança para o investidor institucional -como fundos
de pensão, previdência privada e
fundos de investimento.
Exterior
Além da venda de novas ações
por aqui, empresas brasileiras
também têm buscado o mercado
internacional. Somente Gol, ALL
e Braskem ofertaram ações neste
ano no exterior no valor de R$
1,65 bilhão, segundo dados fornecidos pela Bovespa.
A forma mais comum de uma
empresa colocar ações no exterior
é por meio de ADRs -American
Depositary Receipts, certificados
emitidos nos EUA que representam a propriedade de ações de
empresas de outros países. Para
fazer isso, a companhia tem de ter
capital aberto e pedir autorização
para a SEC (Security Exchange
Comission, a comissão de valores
mobiliários americana).
"Os preços das ações brasileiras
são atrativos, muitas vezes até baixos, para o estrangeiro. Além disso, encontram mais facilidades
para ganhar dinheiro com papéis
de empresas brasileiras", afirma
Charles Phillipp, diretor da SLW
Corretora.
Novatas
No início da atual década, analistas temiam que as empresas
abandonassem o mercado local
para emitir ADRs. Mas esse quadro não se consolidou. Neste ano,
a Natura, a empresa aérea Gol, a
ALL Logística, a CPFL Energia e a
Grendene começaram a negociar
suas ações no pregão da Bovespa.
Até o fim do mês, a Porto Seguro e a Diagnósticos da América
(dona de laboratórios) farão sua
estréia na Bolsa. A exportadora de
maçãs Renar também entrou com
pedido na CVM (Comissão de
Valores Mobiliários) para abrir o
capital.
"Acho que o momento de entrada de novas empresas na Bolsa
deve continuar. Muitas estão vendo na Bolsa uma oportunidade
mais vantajosa de conseguir recursos do que em outras formas
de captação, encarecidas pelos juros altos", diz Rahmani.
No balanço dos negócios realizados na Bolsa neste ano (sem levar em conta as novas emissões
de ações), o saldo das transações
com capital estrangeiro está negativo em R$ 197,7 milhões -compras de R$ 65,608 bilhões e vendas
de R$ 65,806 bilhões.
Ricardo Pinto Nogueira, superintendente da Bolsa, diz que o estrangeiro tem vendido ações no
pregão para comprar os novos
papéis emitidos pelas empresas
brasileiras. "Como as novas ofertas não aparecem no balanço do
pregão, parece que o estrangeiro
está mais vendendo do que comprando ações brasileiras, e isso
não é verdade", diz Nogueira.
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