São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

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EUA crescem mais que previsto; juros caem

Fed reduz taxa em 0,25 ponto, como esperava mercado, e PIB cresce 3,9% no 3º trimestre, acima das expectativas

BC americano sinaliza que pode interromper queda dos juros; consumo e exportações maiores nutrem expansão do PIB

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Depois de um corte de 0,5 ponto percentual em setembro, o primeiro desde 2003, o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) anunciou ontem mais uma redução da taxa básica de juros americana, de 0,25 ponto percentual, para 4,5% ao ano. Em movimento análogo, a taxa de redesconto (aplicada nos empréstimos concedidos pelo Fed a outras instituições financeiras) também foi diminuída em 0,25 ponto, para 5% ao ano.
Já a economia americana cresceu numa taxa anualizada de 3,9% no terceiro trimestre, superando a maioria das expectativas e apesar da crise nos mercados financeiros, puxada pelo aumento no consumo e nas exportações.

Alta nas Bolsas
O mercado financeiro, que já esperava o corte de 0,25%, reagiu positivamente: a Bolsa de Nova York subiu 1% e a Nasdaq (que negocia ações de empresas de tecnologia) avançou 1,51%. A animação só não foi maior porque a nota do Fed deu sinais de que é menos provável outro corte no curto prazo -um dos diretores inclusive queria deixar a taxa no patamar onde estava.
"O comitê julga que, após esta ação, os riscos de alta da inflação praticamente se equilibram com os riscos de desaceleração do crescimento. A atitude de hoje combinada à de setembro deve contribuir para promover um crescimento moderado ao longo do tempo e evitar alguns efeitos adversos sobre a economia que poderiam, de outra forma, surgir do nervosismo do mercado [causadas pela crise imobiliária]", diz o documento do BC norte-americano, alertando ainda que a entidade permanecerá vigilante tanto aos preços quanto às eventuais turbulências.
Com as reduções nos juros, o Fed quer aliviar a situação das financeiras e dos mutuários e estimular o consumo, já que as taxas cobradas no cartão de crédito e no empréstimo pessoal caem também. O resultado prático da diminuição dos juros só é sentido em cerca de seis meses, porém existe de imediato um importante efeito psicológico de aumentar a confiança do consumidor.
"Provavelmente, os números sobre o crescimento da economia no terceiro trimestre, que saíram logo de manhã, mostraram para o Fed que a situação não é tão desesperadora, daí essa sinalização de que a série de diminuições já acabou", explica George Yared, estrategista-chefe da Yared Investment Research.

PIB
A alta de 3,9% no PIB -o maior índice em um ano e meio- evidencia para analistas que a inadimplência no setor de hipotecas "subprime" (de alto risco) ainda não teve maiores conseqüências sobre o restante da economia, embora o número ainda vá ser revisto pelo governo.
"As chances de uma recessão parecem bem menores agora, mas acho que vamos, sim, enfrentar um desaquecimento, por isso creio há espaço para um corte adicional de 0,25 ponto neste ano", comenta Yared. O próximo encontro do comitê de política monetária será em 11 de dezembro.
Na opinião do analista, o mercado de ações continua com tendência de elevação.
"Os resultados das empresas no terceiro trimestre foram bons -não espetaculares, claro, mas suficientemente bons para garantir projeções otimistas para o final deste ano. Em destaque, os segmentos de tecnologia, infra-estrutura e energia", afirmou o estrategista-chefe.


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