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Por preço, China faz "jogo de mercado", diz Agnelli
Indústrias chinesas fazem boicote a minério da Vale
DA SUCURSAL DO RIO
Responsável por 20% do faturamento da Vale, a China sofre uma fase de ajuste "brutal"
em seu ritmo de crescimento, e
as siderúrgicas do país fazem
"jogo de mercado" para conseguir descontos no preço do minério de ferro, afirmou Roger
Agnelli, presidente da mineradora brasileira.
Segundo o executivo, há um
elevado estoque de minério de
ferro na China. E, com a redução da produção de aço, existe
um excedente do produto.
A Vale pleiteava um aumento
de 11% no preço do minério
vendido às siderúrgicas chinesas, que começaram um boicote ao produto da empresa.
Agnelli disse que não interpreta o movimento como boicote. Nas suas palavras, as empresas podem comprar de
quem elas quiserem, assim como a Vale tem o direito de vender "para quem quiser".
A despeito do impasse, o executivo afirmou que a China
crescerá menos -dos 12% ao
ano para 8%-, o que já provocou uma forte queda da demanda por siderúrgicos e afetou as
vendas da mineradora.
A Jinan, uma das maiores siderúrgicas da China, suspendeu as compras da Vale "depois
da escalada de preços do fornecedor brasileiro".
Para o analista Pedro Galdi,
da corretora SLW, o consumo
de aço se manterá em desaceleração pelo menos até o próximo ano.
Diante desse cenário, ele prevê uma "negociação de preço
do minério de ferro muito dura
e demorada". A Vale fecha o seu
preço por meio de acordos bilaterais com grandes produtores
de aço -em geral, o primeiro
contrato baliza o reajuste dos
demais.
Para Galdi, o corte de produção anunciado pela Vale segue
o de outras produtoras de commodities (como as de celulose),
que tomaram medidas parecidas. "É uma decisão difícil, mas
tinha de ser tomada", disse.
Rodrigo Ferraz, do Brascan,
diz que a decisão foi correta,
apesar de representar uma redução potencial de vendas, com
impacto na receita e na geração
de caixa da companhia.
(PS)
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