São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2008

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Férias coletivas reduzem produção de carros

Montadoras deixarão de fabricar 73,6 mil unidades; objetivo é reduzir os estoques, que estão altos devido à queda das vendas

Número representa 31% da produção de veículos em setembro; paralisações vão afetar 19,4 mil empregados, ou 15% do total do setor

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Cerca de 73,6 mil carros devem deixar de ser fabricados em decorrência das férias coletivas anunciadas nas últimas semanas por montadoras instaladas no Brasil.
O número representa 31% da produção de veículos de setembro, que foi de 234 mil unidades (não inclui comerciais leves, caminhões e ônibus).
Juntas, as paralisações vão afetar 19,4 mil trabalhadores, o equivalente a 15% do total de funcionários atuando em montadoras no país (131,3 mil, de acordo com a Anfavea (associação que reúne as empresas do setor). As estimativas têm como base dados levantados com sindicatos de metalúrgicos.
Até agora, Volkswagen, Fiat e GM já anunciaram férias coletivas. Na Volks, cerca de 1.900 trabalhadores da fábrica de São José dos Pinhais (PR) serão forçados a parar as atividades entre os dias 3 e 19 deste mês.
Na unidade da Fiat em Betim (MG), houve paralisação da produção em outubro e há uma nova programada para este mês. Ontem, a GM anunciou férias coletivas para sua fábrica de São José dos Campos (SP), com períodos de paralisação de 17 deste mês a 23 de dezembro. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, entre 3.000 e 4.000 trabalhadores serão afetados.
"[As montadoras] estão dando férias coletivas para reduzir seus estoques, já que as vendas de veículos estão diminuindo. Isso é resultado da crise econômica", diz o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Luiz Carlos Prates, para quem há risco de demissões no setor.
Marcelino da Rocha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região, disse que não identifica na seqüência de férias anunciadas pela Fiat relação com a crise global. Segundo ele, as folgas têm de ser tiradas agora por causa do acúmulo de férias verificado nos últimos três anos, período "de produção intensa" na montadora, segundo ele.
De acordo com Jamil Dávila, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, a crise global é a responsável pelas férias coletivas que a Volkswagen programa para este mês. Ele prevê que 5.100 veículos deixem de ser fabricados em São José dos Pinhais.
As paralisações devem fazer com que a produção de veículos no Brasil em 2008 fique abaixo dos 3,425 milhões de unidades previstas pela Anfavea em junho. O número representa 15% a mais sobre o ano passado.
Em outubro, as montadoras anteciparam a realização de feirões e passaram a oferecer juros menores para estimular os consumidores a comprar veículos novos. As vendas registraram queda de 10% na primeira quinzena do mês.


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