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Ministério pressiona por privatização de aeroportos
Jobim, da Defesa, quer trocar Gaudenzi, que preside a Infraero, contrário à medida
Gaudenzi prefere a abertura do capital da empresa; ele considera temerário dar ao setor privado aeroportos lucrativos, como Viracopos
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Defesa aumentou a pressão sobre a diretoria da Infraero, na tentativa
de mudar o comando da empresa até o final do ano para
abrir caminho à privatização de
aeroportos.
O ministro Nelson Jobim
tem feito contatos em busca de
um substituto para Sérgio Gaudenzi, que preside a empresa.
Se confirmada, será a segunda
mudança no comando da Infraero feita por Jobim.
Em agosto do ano passado, o
ministro demitiu o brigadeiro
José Carlos Pereira e toda a
equipe em meio à crise aérea e a
denúncias de corrupção contra
diretores da empresa. Gaudenzi bateu de frente com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil),
com interesses do governo e de
empreiteiras, grandes financiadoras de campanhas eleitorais.
Procurado pela Folha, o ministro afirmou que não iria comentar o assunto. Gaudenzi
disse que "leu na imprensa"
que seu cargo será usado para
acomodar quem ficar de fora
na disputa pela presidência do
Senado, pleiteada pelo PMDB e
pelo PT, e ironizou: "Não faço
resistência à composição da Infraero com o Senado. Já dei a
minha contribuição. A Infraero
era a Geni: aparecia na parte
policial dos jornais, e não é
mais. Se for para sair, não tenho nenhuma dificuldade."
Contra a proposta
A Folha apurou que a nova
diretoria pode ser composta
por técnicos do BNDES que estão afinados com o projeto do
governo de privatizar aeroportos hoje administrados pela Infraero. Gaudenzi tem batido de
frente com a proposta do governo. Publicamente, já manifestou sua contrariedade com o
modelo defendido na Casa Civil, no BNDES e, agora, por Jobim, de privatização dos aeroportos.
Gaudenzi defende a abertura
do capital da empresa, mas
considera temerário repassar
para a iniciativa privada aeroportos lucrativos, como Viracopos, em Campinas, e deixar
sob o comando da Infraero
apenas os que dão prejuízo, 50
nos cálculos da empresa.
"Defendo a abertura do capital da empresa como um todo,
a exemplo do que ocorre com a
Petrobras. Sou absolutamente
contra a venda dos aeroportos
de forma isolada", disse. A Folha apurou que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)
fez uma lista com os dez aeroportos mais rentáveis do país
que devem ser privatizados.
Filiado ao PSB, Gaudenzi pode ser transferido para a Chesf
(Companhia Hidrelétrica do
São Francisco) ou Codevasf
(Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco). O partido não irá cobrar o
cargo porque ele foi escolha
pessoal de Jobim.
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