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EUA bloqueiam investimento argentino
Decisão da Justiça norte-americana impede repatriação de US$ 553 mi de fundos de pensão da Argentina
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
O juiz americano Thomas
Griesa ordenou o bloqueio de
US$ 553 milhões em investimentos que os fundos de pensão argentinos possuem nos
EUA para evitar que o dinheiro
seja repatriado ao país agora
que o governo argentino pretende estatizar a previdência.
A medida foi tomada após o
pedido de um grupo de compradores americanos de títulos
da dívida pública argentina,
que não receberam o dinheiro
de volta desde o calote argentino, decretado em 2001, porque
não aceitaram entrar na renegociação feita em 2005.
Nesta semana, o governo argentino determinou que os
fundos de pensão privados devem repatriar seus fundos no
exterior para dar liquidez ao
mercado interno. Os fundos de
pensão têm cerca de US$ 550
milhões investidos no Brasil.
Embora a estatização da previdência ainda precise ser aprovada pelo Congresso argentino,
o juiz considerou que, com a reforma, os recursos vão pertencer ao Estado e, por isso, são
embargáveis.
O juiz mandou bloquear até o
próximo dia 6, quando convocou uma audiência para o caso,
tudo que pertença às administradoras de fundos de previdência "incluindo, mas não se
limitando, a dinheiro, depósitos, propriedades imóveis, títulos de garantia".
Griesa é considerado na Argentina o "Baltazar Garzón dos
bonistas", já que desde fevereiro de 2004 ordenou vários embargos de bens do Estado argentino nos EUA.
O governo argentino fez pouco caso da medida. "Os ativos
embargados não são do Estado,
e sim das administradoras de
fundos e pensões", afirmou o
novo gerente da Superintendência das Administradoras,
Sergio Chodos. "São elas que
devem defender esses ativos."
Nota rebaixada
Além do bloqueio de bens
nos EUA, a estatização da previdência trouxe outra conseqüência negativa para o governo argentino. A agência de classificação de risco Standard &
Poor's rebaixou ontem a classificação da nota da dívida da Argentina de B+ para BB-, devido
a uma "deterioração econômica e política" do país.
"No âmbito interno, a surpreendente iniciativa de transferir novamente ao Estado o
sistema privado de pensões sacudiu o mercado financeiro e
impactou no nível de confiança
geral", informa o comunicado
da agência.
É a segunda vez em dois meses e meio que a Standard &
Poor's rebaixa a nota da dívida
argentina.
A agência justificou ainda
que espera "que o PIB da Argentina se desacelere com força
em 2009, a partir de um crescimento de 6% previsto para
2008, devido a choques negativos externos e domésticos".
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