São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2008

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Alemanha avista recessão e PIB espanhol cai pela 1ª vez em 15 anos

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Antecipando um resultado que só será anunciado oficialmente no dia 13, ontem uma fonte do governo alemão disse à agência Reuters que o PIB (Produto Interno Bruto) do país encolheu 0,25% entre julho e setembro, indicando que a maior economia da Europa já está em recessão. No trimestre anterior a Alemanha havia sofrido recuou de 0,5% no PIB.
A Alemanha sofre grave crise financeira e suas exportações, motor da economia do país, recuam com a crise global.
Já a economia da Espanha no terceiro trimestre encolheu pela primeira vez em mais de 15 anos, confirmando que, assim como boa parte da Europa, o país está à beira de uma recessão. Em outro sinal dos efeitos da crise na economia espanhola, a taxa de desemprego no país subiu para 11,9% no último mês, o mais alto entre os 27 países da União Européia.
No começo do mês a França admitiu estar em "recessão técnica", após sua economia registrar dois trimestres consecutivos de contração. Foi o terceiro país europeu a entrar oficialmente em recessão, seguindo os passos de Dinamarca e Irlanda. Agora, além da Espanha, a ameaça se intensifica principalmente sobre o Reino Unido, a Itália e a Alemanha.
Pressionado pela queda na demanda interna e pelo agravamento da crise financeira mundial, o PIB espanhol sofreu contração de 0,2% no terceiro trimestre deste ano, depois de ter registrado uma expansão de 0,1% no anterior.
Quinta economia do continente, a Espanha sente a ressaca de um período em que teve o crescimento mais acelerado da zona do euro, graças ao boom imobiliário. Mas a bolha estourou, e agora há 1 milhão de casas vazias ou inacabadas sem comprador. A indústria também desacelerou, afetada pela queda na demanda interna, mas também das exportações.
O relatório do BC espanhol chama a atenção para os riscos que rondam a América Latina, um dos principais mercados para investimento da Espanha. O boletim mensal diz que a crise chegou "com intensidade" à América Latina, e prevê um "ponto de inflexão" em breve que evidenciará a desaceleração na região.
Também de olho em outras regiões, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, se volta para um lado do planeta que tem muito mais condições de atenuar o problema de liquidez nos mercados: o Oriente Médio. Ele começa no sábado uma visita de quatro dias aos mais ricos países produtores de petróleo, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes.
A crescente importância do Oriente Médio ficou clara ontem, quando o Barclays anunciou que receberá de um trio de investidores da região uma injeção de US$ 11,8 bilhões, o que permitirá ao terceiro maior banco britânico acertar suas contas sem recorrer ao governo.
Com os países ricos usando suas reservas para resolver seus próprios problemas, o jeito foi passar o chapéu entre países que continuam com altas reservas, mesmo depois de o preço do petróleo ter despencado.
Diante do agravamento da crise, Brown quer que esses países estejam entre os maiores contribuidores do fundo de emergência destinado a ajudar países em dificuldades. Teme-se que os US$ 250 bilhões de que dispõe o FMI não sejam suficientes.
O FMI já utilizou US$ 30 bilhões em ajudas de emergência a Islândia, Hungria e Ucrânia. O Paquistão deve ser o próximo. Além dos países do Golfo Pérsico, outro alvo é a China, que segundo a entidade tem US$ 1,9 trilhão.
O órgão de estatísticas da UE anunciou ontem uma queda da inflação na zona do euro, de 3,6% em setembro para 3,2% em outubro. O declínio abre ainda mais o caminho para que o BCE (Banco Central Europeu) aplique um corte na taxa de juros na próxima semana.


Com agências internacionais


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