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Alemanha avista recessão e PIB espanhol cai pela 1ª vez em 15 anos
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Antecipando um resultado
que só será anunciado oficialmente no dia 13, ontem uma
fonte do governo alemão disse
à agência Reuters que o PIB
(Produto Interno Bruto) do
país encolheu 0,25% entre julho e setembro, indicando que a
maior economia da Europa já
está em recessão. No trimestre
anterior a Alemanha havia sofrido recuou de 0,5% no PIB.
A Alemanha sofre grave crise
financeira e suas exportações,
motor da economia do país, recuam com a crise global.
Já a economia da Espanha no
terceiro trimestre encolheu pela primeira vez em mais de 15
anos, confirmando que, assim
como boa parte da Europa, o
país está à beira de uma recessão. Em outro sinal dos efeitos
da crise na economia espanhola, a taxa de desemprego no país
subiu para 11,9% no último
mês, o mais alto entre os 27 países da União Européia.
No começo do mês a França
admitiu estar em "recessão técnica", após sua economia registrar dois trimestres consecutivos de contração. Foi o terceiro
país europeu a entrar oficialmente em recessão, seguindo
os passos de Dinamarca e Irlanda. Agora, além da Espanha, a
ameaça se intensifica principalmente sobre o Reino Unido,
a Itália e a Alemanha.
Pressionado pela queda na
demanda interna e pelo agravamento da crise financeira mundial, o PIB espanhol sofreu contração de 0,2% no terceiro trimestre deste ano, depois de ter
registrado uma expansão de
0,1% no anterior.
Quinta economia do continente, a Espanha sente a ressaca de um período em que teve o
crescimento mais acelerado da
zona do euro, graças ao boom
imobiliário. Mas a bolha estourou, e agora há 1 milhão de casas vazias ou inacabadas sem
comprador. A indústria também desacelerou, afetada pela
queda na demanda interna,
mas também das exportações.
O relatório do BC espanhol
chama a atenção para os riscos
que rondam a América Latina,
um dos principais mercados
para investimento da Espanha.
O boletim mensal diz que a crise chegou "com intensidade" à
América Latina, e prevê um
"ponto de inflexão" em breve
que evidenciará a desaceleração na região.
Também de olho em outras
regiões, o primeiro-ministro
britânico, Gordon Brown, se
volta para um lado do planeta
que tem muito mais condições
de atenuar o problema de liquidez nos mercados: o Oriente
Médio. Ele começa no sábado
uma visita de quatro dias aos
mais ricos países produtores de
petróleo, Arábia Saudita, Catar
e Emirados Árabes.
A crescente importância do
Oriente Médio ficou clara ontem, quando o Barclays anunciou que receberá de um trio de
investidores da região uma injeção de US$ 11,8 bilhões, o que
permitirá ao terceiro maior
banco britânico acertar suas
contas sem recorrer ao governo.
Com os países ricos usando
suas reservas para resolver
seus próprios problemas, o jeito foi passar o chapéu entre países que continuam com altas
reservas, mesmo depois de o
preço do petróleo ter despencado.
Diante do agravamento da
crise, Brown quer que esses
países estejam entre os maiores contribuidores do fundo de
emergência destinado a ajudar
países em dificuldades. Teme-se que os US$ 250 bilhões de
que dispõe o FMI não sejam suficientes.
O FMI já utilizou US$ 30 bilhões em ajudas de emergência
a Islândia, Hungria e Ucrânia.
O Paquistão deve ser o próximo. Além dos países do Golfo
Pérsico, outro alvo é a China,
que segundo a entidade tem
US$ 1,9 trilhão.
O órgão de estatísticas da UE
anunciou ontem uma queda da
inflação na zona do euro, de
3,6% em setembro para 3,2%
em outubro. O declínio abre
ainda mais o caminho para que
o BCE (Banco Central Europeu) aplique um corte na taxa
de juros na próxima semana.
Com agências internacionais
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