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MERCADO TENSO
Representantes de instituições financeiras americanas elogiam aumento das taxas de juros definido pelo BC
Banqueiros dos EUA esperam freio no ritmo de crescimento brasileiro
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
enviado especial a Nova York
A maioria dos banqueiros, dirigentes de entidades multilaterais,
investidores e analistas do mercado financeiro nos EUA reagiram
bem à decisão do Banco Central
brasileiro de aumentar as taxas de
juros como resposta à crise nas
bolsas de valores.
Mas todos concordam que ela
vai frear um pouco o crescimento
econômico do país.
O economista Rudiger Dornbusch, professor de Massachusetts
Institute of Technology (MIT),
acha que o Brasil vai entrar em
processo de recessão econômica
durante os próximos nove meses.
"Domesticamente, uma recessão em defesa do Plano Real é aceitável e uma grande desvalorização
da moeda é vista como uma idéia
muito, muito ruim", disse Dornbusch, para quem uma retomada
do crescimento vai ocorrer pouco
antes da eleição presidencial.
O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento,
Enrique Iglesias, classificou a decisão de elevar juros como "uma jogada muito inteligente".
Iglesias disse que "era isso que
era preciso: uma reação imediata"
do governo.
Embora diga que a atividade econômica no Brasil vai diminuir, o
presidente do BID afirma não estar
preocupado com o futuro.
O vice-presidente do Citicorp,
William Rhodes, comentou o aumento dos juros com poucas palavras de aprovação: "É para isso
que existem bancos centrais".
Iglesias e Rhodes fizeram suas
declarações pouco antes da cerimônia de entrega do prêmio de
"personalidade do ano" da Câmara Brasileiro-Americana de Comércio em Nova York, anteontem
à noite. Apesar da festa, o clima
entre muitos brasileiros presentes
à cerimônia era de apreensão.
O ex-governador de São Paulo
Paulo Maluf condenou a medida:
"ela é artificial e de curto prazo,
bate no crescimento econômico e
só vai atrair ao Brasil capital de
motel, que fica pouco tempo no
país". Ele chamou de "uma loucura" o Banco Central "gastar 10%
das reservas do país em um dia"
para conter a crise nas bolsas.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, disse que
aumentar os juros era "necessário".
Ele ainda afirmou que os problemas desta semana mostram que
"o país, tanto o Executivo quanto
o Legislativo, precisa votar logo as
reformas econômicas".
Crescimento
O ex-secretário de Estado dos
EUA Henry Kissinger acha que
"em três meses, esse episódio estará superado e um novo período
de crescimento dinâmico" da economia brasileira vai começar.
Ele disse ter "confiança" no governo ("ele fará o que é preciso") e
na economia "sólida" do Brasil.
Jaime Sanz, analista da agência
DCR, que avalia riscos em investimentos externos, acha que "existe
pouco fundamento para a atual
convulsão" nos mercados latino-americanos.
"Não podemos realmente falar
de uma crise na América Latina
atualmente. Toda a região mantém o panorama positivo de dois
meses atrás."
Na bolsa de valores de Nova
York, as ações da Telebrás subiram ontem, após terem despencado na quinta-feira.
Analistas em Wall Street diziam
que o aumento dos juros no Brasil
foi suficiente para acalmar os investidores em relação aos títulos
brasileiros.
O banco de investimentos Merrill Lynch promoveu o Brasil como
seu principal alvo de compras de
títulos nos próximos meses em
função do aumento dos juros e da
confiança na solidez do real.
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