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Sem reforma, economia não cresce 5%, diz agência
Standard & Poor's projeta expansão de 3,5% em 2007
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia brasileira crescerá cerca de 3,5% no próximo
ano, estima a Standard &
Poor's. Mantido o atual desempenho econômico e sem fazer
reformas que estimulem o investimento, o país dificilmente
conseguirá crescer os 5% esperados pelo governo, diz Lisa
Schineller, diretora de ratings
soberanos da agência de classificação de risco.
Schineller, que é a analista da
S&P responsável pela avaliação
da economia brasileira, estava
ontem em São Paulo, em seminário, quando soube dos resultados das contas nacionais do
terceiro trimestre, que mostraram que o Brasil cresceu apenas 0,5% em relação aos três
meses anteriores. Ela diz não
ter se surpreendido com o dado. "Depois do resultado do segundo trimestre e de alguns sinais nos primeiros meses do
trimestre passado, já passamos
a esperar crescimento menor
do que o que prevíamos antes",
explica Schineller.
A S&P começou o ano projetando crescimento anual de
3,5% a 4% para o Brasil em
2006 e agora espera que a economia cresça 3% ou pouco menos. Na avaliação de Schineller
e dos demais analistas da S&P
que acompanham a economia
brasileira, crescimento maior,
próximo aos 5% almejados pelo
governo, só seria possível com
um conjunto de reformas que
estimulasse os investimentos.
Eles lembram dois grandes
grupos de reformas -que não
são, aliás, diferentes das medidas apregoadas por grande parte dos economistas: a reforma
fiscal e a melhora no ambiente
de negócios. No lado fiscal,
Schineller chama a atenção para a necessidade de equilibrar o
orçamento, reduzindo o déficit
público e, por conta do ajuste,
reduzindo a relação entre dívida pública e o PIB.
Sob o guarda-chuva da melhora no ambiente de negócios
estão todas as reformas microeconômicas, como redução
de burocracia, melhora do sistema de crédito etc. "A estabilidade macroeconômica cria o
pano de fundo para o aumento
do investimento, mas é preciso
aprofundar os ajustes", diz.
São justamente esses elementos -alta carga de dívida e
de juros e baixa taxa de investimentos, por conta do ambiente
de negócios- que, na avaliação
da agência, ainda impedem melhoras na nota que a agência de
classificação de risco atribui
aos papéis brasileiros. Comprar um papel do governo brasileiro é um investimento especulativo e, portanto, arriscado,
revela a nota BB atribuída aos
papéis de dívida externa.
Demora
A S&P anunciou recentemente que colocou a nota do
Brasil em perspectiva positiva,
ou seja, existe a possibilidade
de que ela melhore. Melhora,
no entanto, que pode demorar
dois anos, ou mesmo não ocorrer. Em média, 40% das notas
em perspectiva positiva acabam não sendo alteradas.
A agência não faz previsões
sobre mudança de notas, mas o
histórico da S&P mostra que,
para um país saltar da posição
em que o Brasil está agora para
uma nota de "grau de investimento", demora entre cinco e
seis anos, tempo em que Rússia
e México chegaram lá.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) costuma afirmar
que o Brasil alcançará o "grau
de investimento" no segundo
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Para o Brasil, conseguir ser classificado
como emissor de papéis que
oferece risco moderado ou baixo, e não especulativo, significaria condições melhores de financiamento externo: investidores tenderiam a cobrar taxas
de juros menores por enxergarem menos riscos ao investirem nos papéis brasileiros.
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