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Para especialista, acordos da Petrobras refletem decisão política para o setor
DA SUCURSAL DO RIO
DA FOLHA ONLINE
A criação da nova empresa
faz parte da estratégia da Petrobras para a reformulação do setor petroquímico brasileiro,
iniciada com a aquisição do
Grupo Ipiranga. A estrutura
atual do segmento é pulverizada, com ações cruzadas, na qual
a Petrobras tem participação
minoritária. Com a concentração do setor em duas empresas,
a Braskem e a Nova Companhia
Petroquímica, a Petrobras passa a ter papel relevante, com
25% da primeira e 40% da segunda. Analistas ouvidos pela
Folha divergem com relação ao
papel do governo na reestruturação do setor.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Estudos em Infra-Estrutura, Adriano Pires, essa
concentração não é saudável.
"O que a gente nota hoje na Petrobras é que as decisões políticas superam as técnicas. As decisões tomadas durante o governo Lula não têm o sentido
de beneficiar o acionista."
Pires disse que, nessa nova
composição, a Braskem é beneficiada por ser a empresa privada que divide com a Petrobras o
mercado de petroquímica.
Já o diretor de gestão de
Mercatto Investimentos, Régis
Abreu, disse que a Petrobras está retomando seu papel como
investidor do setor, do qual foi
participante estratégico antes
da privatização da petroquímica, que pulverizou a venda dos
ativos. Ele lembra que a estatal
é o grande fornecedor de matéria-prima do segmento, a nafta.
"O grande vencedor com a
criação da nova petroquímica é
o setor, que vai ser consolidado.
Era muito fragmentado, com
muitos agentes", analisa.
Abreu disse que a Petrobras
terá dois papéis importantes:
aproximação da Braskem enquanto fornecedor e acionista
de peso no balanço da petroquímica, o que reduz o risco de
crédito. "Isso vai facilitar o desenvolvimento tecnológico do
setor", justifica.
Com relação à grande participação da Petrobras, Abreu
não considera a possibilidade
de intervenção do governo na
política da petroquímica.
"Acredito que esse seja um caminho de maximização de eficiências", declarou.
"O setor ganha força. Era esperado que fizessem isso, e é
positivo principalmente na hora de negociar contratos", disse
André Segadilha, gerente de
análise da Prosper Corretora.
Após comprar nos últimos
meses a Suzano -com o negócio concluído também ontem-
e parte da Ipiranga Petroquímica, a Petrobras distribuiu
seus ativos entre a Braskem e a
Unipar, fazendo as duas empresas se tornarem mais fortes.
"Ao se tornar sócia de duas
empresas grandes e com capacidade de investimento, a Petrobras ganha tanto como acionista como fornecedora", diz o
presidente da Petroquisa, José
Lima de Andrade Neto.
"Se não fizesse isso [o setor],
poderia sofrer com a alta do
preço dos insumos, já que o petróleo está quase a US$ 100."
Sobre a Braskem recairá o
risco de se tornar "grande demais" à vista do Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), que pode barrar a
operação.
(RAQUEL ABRANTES e YGOR SALLES)
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