São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Para especialista, acordos da Petrobras refletem decisão política para o setor

DA SUCURSAL DO RIO
DA FOLHA ONLINE

A criação da nova empresa faz parte da estratégia da Petrobras para a reformulação do setor petroquímico brasileiro, iniciada com a aquisição do Grupo Ipiranga. A estrutura atual do segmento é pulverizada, com ações cruzadas, na qual a Petrobras tem participação minoritária. Com a concentração do setor em duas empresas, a Braskem e a Nova Companhia Petroquímica, a Petrobras passa a ter papel relevante, com 25% da primeira e 40% da segunda. Analistas ouvidos pela Folha divergem com relação ao papel do governo na reestruturação do setor.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Estudos em Infra-Estrutura, Adriano Pires, essa concentração não é saudável. "O que a gente nota hoje na Petrobras é que as decisões políticas superam as técnicas. As decisões tomadas durante o governo Lula não têm o sentido de beneficiar o acionista."
Pires disse que, nessa nova composição, a Braskem é beneficiada por ser a empresa privada que divide com a Petrobras o mercado de petroquímica.
Já o diretor de gestão de Mercatto Investimentos, Régis Abreu, disse que a Petrobras está retomando seu papel como investidor do setor, do qual foi participante estratégico antes da privatização da petroquímica, que pulverizou a venda dos ativos. Ele lembra que a estatal é o grande fornecedor de matéria-prima do segmento, a nafta.
"O grande vencedor com a criação da nova petroquímica é o setor, que vai ser consolidado. Era muito fragmentado, com muitos agentes", analisa.
Abreu disse que a Petrobras terá dois papéis importantes: aproximação da Braskem enquanto fornecedor e acionista de peso no balanço da petroquímica, o que reduz o risco de crédito. "Isso vai facilitar o desenvolvimento tecnológico do setor", justifica.
Com relação à grande participação da Petrobras, Abreu não considera a possibilidade de intervenção do governo na política da petroquímica. "Acredito que esse seja um caminho de maximização de eficiências", declarou.
"O setor ganha força. Era esperado que fizessem isso, e é positivo principalmente na hora de negociar contratos", disse André Segadilha, gerente de análise da Prosper Corretora.
Após comprar nos últimos meses a Suzano -com o negócio concluído também ontem- e parte da Ipiranga Petroquímica, a Petrobras distribuiu seus ativos entre a Braskem e a Unipar, fazendo as duas empresas se tornarem mais fortes.
"Ao se tornar sócia de duas empresas grandes e com capacidade de investimento, a Petrobras ganha tanto como acionista como fornecedora", diz o presidente da Petroquisa, José Lima de Andrade Neto.
"Se não fizesse isso [o setor], poderia sofrer com a alta do preço dos insumos, já que o petróleo está quase a US$ 100."
Sobre a Braskem recairá o risco de se tornar "grande demais" à vista do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que pode barrar a operação.
(RAQUEL ABRANTES e YGOR SALLES)


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