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Petróleo impulsiona reação da indústria naval no país
Empregos diretos no setor dobram e os empréstimos do BNDES crescem 520%
Segmento inicia fase de consolidação com novos investimentos e encomenda das áreas de petróleo e transporte de carga
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria naval brasileira
apresenta recuperação meteórica nos últimos três anos. Entre o ano passado e 2007, o emprego dobrou para 40 mil funcionários diretos e os novos
empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deram um salto 520%, para R$ 3,6
bilhões até outubro.
A virada no setor deu-se a
partir do setor de petróleo, com
as encomendas, em 2006, de 26
novos petroleiros pela Transpetro, empresa de logística e
transporte da Petrobras.
Agora, o setor ingressa na fase de consolidação, com novos
investimentos e encomendas
crescentes das áreas de petróleo e transporte de carga.
A partir de 2009, deve entrar
em operação no Brasil o maior
estaleiro do hemisfério Sul, o
Atlântico Sul. Em fase de construção no litoral sul de Pernambuco, ele competirá com
vários outros tradicionais, como Mauá e Brasfels, recuperados pelos negócios crescentes
dos últimos anos.
A indústria naval brasileira
tem faturamento previsto para
este ano de R$ 4,5 bilhões e encomendas totais em carteira
equivalentes a R$ 14,4 bilhões
(R$ 9 bilhões em navios e R$
5,4 bilhões em plataformas de
petróleo). No total, estão em fase de construção, planejamento ou análise mais de 70 unidades em vários pontos do país.
Segundo Ariovaldo Rocha,
presidente do Sinaval, sindicato que reúne o setor, a atual fase
de "consolidação" ainda está
calcada no setor de petróleo,
com várias encomendas de navios tanques, e marcada pela
entrega das plataformas P-52
(Brasfels) e P-54 (Mauá), já em
operação na Bacia de Campos.
"A terceira fase (do setor) será a expansão da indústria com
a construção de navios porta-containeres de longo curso",
afirma Rocha.
A frota de navios que navegam com bandeira brasileira
não transporta mais mercadorias na chamada navegação de
longo curso, onde se concentra
a maior parte do comércio exterior do país. Até o final da década de 70, a frota do país
transportava 22% da carga
-que era substancialmente
menor que a atual.
Na cabotagem (transporte de
mercadorias ao longo da costa
brasileira), a participação da
bandeira brasileira é inferior a
14% do total transportados, segundo o Sinaval.
"O mercado mundial de exportações e importações movimentou US$ 20 trilhões em
2006, 85% por via marítima. O
Brasil é o maior exportador de
grãos, e hoje consome milhões
com afretamento de embarcações", afirma Carlos Camerato,
presidente do conselho de administração do estaleiro Atlântico Sul, em construção em Pernambuco.
"Com o tempo, a matriz de
transporte no Brasil vai mudar,
pois não tem sentido mercadorias de Manaus, por exemplo,
serem "puxadas" de caminhão
até o Sul do país. O potencial
fluvial e de cabotagem do Brasil
é enorme", diz Camerato.
O Atlântico Sul deve entrar
em operação em 2009, após investimentos de R$ 780 milhões
que devem gerar 5.000 empregos diretos.
Até 2012, porém, 80% da produção do Atlântico Sul será
destinada à área de petróleo e
apenas 20% para embarcações
para comércio internacional.
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