São Paulo, terça, 1 de dezembro de 1998

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APLICAÇÕES
Fortes quedas durante a crise explicam a valorização em novembro
Bovespa avança 22,48%, a maior alta desde abril de 95

GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação

As Bolsas de Valores ficaram, disparadas, com a liderança do ranking das aplicações financeiras em novembro, apesar da forte queda de ontem.
O Índice Bovespa, que reflete a variação dos preços das ações mais negociadas, fechou o mês com uma valorização de 22,48%, a maior alta mensal desde abril de 1995, quando alcançou 28,02%. Naquela época, o país se recuperava do "efeito tequila" (crise mexicana) e do ajuste cambial.
As razões para a alta de 22,48% na Bovespa estão justamente nas fortes baixas anteriores, desencadeadas pela crise russa de agosto. Só naquele mês o Ibovespa despencou 39,55%. As ações ficaram baratas demais.
O início da reação foi em outubro passado, quando o Ibovespa subiu 6,89%. Com os mercados se acalmando e o Brasil fechando o acordo com o FMI, a reação foi ganhando corpo.
O preço ainda baixo das ações passou a atrair de novo os investidores, incluindo estrangeiros. Com isso, a Bolsa subiu mais em novembro.
A queda de ontem, dizem os analistas, foi motivada pelas vendas de investidores que quiseram lucrar com as altas anteriores. "Realizaram lucro", como se diz no mercado, se bem que houve influência também de vendas no exterior.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, recuou 2,32% ontem, mas fechou o mês com mais 6,10%.

Juros
Na renda fixa, a liderança foi do CDB prefixado de grande investidor, com 2,50% brutos e 2,00% líquidos, considerando 20 dias úteis e sem levar em conta a CPMF.
Os fundos de 60 dias devem render, em média, 2,48% brutos e 1,98% líquido, mas vários deles conseguiram rentabilidade acima do CDI (2,57% brutos) e com boa vantagem sobre o CDB de grande investidor.
Os fundos de 30 dias, que rendem um pouco menos por causa do compulsório de 5%, estão com boa distância sobre a poupança. Devem dar, em média, 1,86% líquido, contra 1,1167% da caderneta, muito afetada em novembro pelo redutor da TR.
De qualquer forma, todos deram ganho real no mês passado. O IGP-M registrou deflação, de 0,32%, o mesmo devendo acontecer com índices de preços ao consumidor, como o IPC da Fipe.
A poupança, mesmo rendendo menos, deu ganho real de quase 1,50% sobre o IGP-M.

Dólar calmo
Os ativos de risco mantiveram o ritmo esperado.
O dólar comercial deslizou como sempre, embora um pouco pressionado. Tanto assim que o preço de venda variou 0,72% no mês. Mas o ritmo da minibanda continua o mesmo.
Enquanto isso, o dólar paralelo recuava. Passou a fase aguda da crise cambial. O ágio do "black" está em 3,60%, contra 13% no auge da crise de fuga de dólares em setembro passado.
O ouro, que no Real perdeu sua atratividade como ativo financeiro, registrou em novembro certa estabilidade. A maior influência na formação do preço interno vem dos preços internacionais, que estão no patamar de US$ 290 por onça-troy (31,1 gramas) há meses.



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