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LUÍS NASSIF
Um modelo para a saúde
O trabalho desenvolvido pela
Organização Não-Governamental (ONG) Instituto para o
Desenvolvimento da Saúde
(IDS), dirigida pelo cirurgião
Raul Cutait, merece ser transformado em um "case" de como é possível articular ações
conjuntas entre sociedade civil, empresas, governo, universidade e organizações internacionais. E demonstra na prática os resultados que podem ser
alcançados por meio de trabalhos de coordenação e mobilização das forças já existentes.
A ONG foi criada há anos
para pensar problemas de saúde. Sua primeira iniciativa foi
um seminário com o Banco
Mundial, para discutir a questão do financiamento da saúde. A segunda, um trabalho
com a Unicef, para discutir a
questão da mortalidade infantil.
Recentemente, a pedido do
Ministério da Saúde, contratou a Booz Allen para um levantamento sobre experiências mundiais de vigilância
sanitária, que servissem de
subsídio para a transformação
da atual Secretaria de Vigilância Sanitária em Agência.
Há dois anos resolveu investir mais pesadamente em uma
das grandes fragilidades do setor: a questão gerencial. Em
contato com a Organização
Panamericana de Saúde
(OPS) surgiu a idéia de criar
manuais de gerenciamento da
saúde.
Mas não bastariam meros
manuais. Teria que ser algo
prático, que refletissem as necessidades de cada município.
Assim, a IDS resolveu incluir
no projeto a Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), única
do setor em São Paulo. A faculdade se incumbiu de organizar cursos para monitores
que pudessem implementar os
princípios em cada cidade.
Editar, imprimir e distribuir
os manuais implicava um custo de R$ 500 mil. Aí entrou a
terceira perna do projeto, o
Banco Itaú, fornecendo os recursos e colocando sua rede de
agências à disposição, para informações e contatos.
O passo seguinte foi atrair
municípios. Por intermédio do
Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde
(Conasem), foram identificadas cinco cidades médias onde
o projeto-piloto pudesse ser
implementado -Diadema,
Fortaleza, Betim, Foz do Iguaçu e Volta Redonda. Nesse piloto, os manuais foram submetidos ao crivo dos profissionais envolvidos no trabalho, a
fim de conferir sentido prático
a eles. Adotou-se também um
software de gerenciamento da
saúde, desenvolvido pelo setor
em Marília.
No estágio atual, o IDS está
entrando em contato com faculdades de medicina regionais, a fim de que se tornem os
centros de irradiação desses
conceitos.
O modelo é redondo. Falta
apenas um vetor, empregado
em todo programa de qualidade total: indicadores que permitam o acompanhamento e
monitoramento das ações, para que os esforços não se percam no vazio.
Montado esse sistema, em cima de uma boa base de informações e indicadores, o modelo estará fechado. O controle
dos atos de cada agente se dará pelo uso competente da informação.
Câmbio e "hedge"
As mudanças no câmbio enfrentavam duas fortes resistências: empresas que empenharam seus ativos em dólares
e consultores que empenharam suas análises na imutabilidade da atual política. Ambos já estão devidamente
"hedgeados": as empresas,
quitando suas dívidas ou se
garantindo nos mercados futuros; os consultores, se "hedgeando" com o conceito de flexibilização cambial.
Sebrae
Recebo carta da Associação
Brasileira dos Sebrae/Estaduais (Abase), com comentários acerca da coluna onde expunha as opiniões do professor
Sylvio Goulart Rosa Jr. sobre o
novo papel do Sebrae.
O trabalho começa por discutir a missão do Sebrae. "Como organismo central de um
programa com múltiplos papéis e extensa capilaridade, a
descrição que mais se aproxima da sua missão é a de contribuir com o processo de desenvolvimento nacional, em
particular no fortalecimento
de mecanismos de geração/
manutenção do empreendedor
e do emprego e melhoria da
renda no lugar onde as pessoas
vivem", diz o documento.
O lema central é a ação descentralizada, representada pelos 27 Sebrae/Estaduais e por
mais de 500 pontos de atendimentos espalhados por todo o
território nacional. "Para que
este aparato institucional atue
adequadamente, o requerimento básico é de que haja mobilidade e flexibilidade operacional, capaz de propiciar a
oferta de produtos e serviços
compatíveis com a realidade
de cada região do país", continua o documento.
O trabalho reconhece a importância de sintonizar sua
ação com as estratégias do governo federal.
A Abase considera oportuna
a rediscussão do papel do Sebrae. Rebate, no entanto, a
proposta de que os recursos do
Sebrae sejam aplicados sob comando do governo federal
-justamente a ressalva apresentada pela coluna- pelo fato de conflitar com a visão federativa que caracteriza o sistema.
A maneira disso ocorrer, segundo a Abase, seria a ampliação da representatividade nos
colegiados diretivos do Sistema, permitindo a presença de
representantes de micro e pequenas empresas no Conselho
Deliberativo Nacional do Sebrae e nos Conselhos Deliberativos Estaduais.
Poderia ser um caminho. O
ideal seria, em um futuro Ministério da Produção, o sistema
Sebrae ter participação ativa,
como formulador e como implementador de estratégias
voltadas para o segmento das
pequenas e micro.
E-mail: lnassif@uol.com.br
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