São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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Meirelles vê inflação acima da meta do ano

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que toma posse no próximo dia 7, reconheceu ontem que a inflação neste ano deve ficar acima do limite superior da meta para 2003, de 6,5%, como projetou a atual diretoria da instituição no relatório trimestral de inflação divulgado na última segunda-feira.
No cenário básico traçado pelo BC, a inflação medida pela IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficaria em 9,5% em 2003, mantida taxa média do câmbio de R$ 3,55. No cenário alternativo, com dólar a R$ 3,20 no final do ano, o IPCA seria de 7,3%.
Meirelles ressaltou que o BC vai trabalhar para recolocar a inflação na direção da meta estabelecida. Mas admitiu que ela dificilmente será alcançada neste ano. Segundo ele, porém, é possível atingir a previsão do cenário alternativo do BC, ou seja, de 7,3% de IPCA.
Ele não quis fazer previsões mais precisas, disse que deixaria as projeções para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), quando já participará das discussões.

Decisão correta
Meirelles afirmou que não deve tomar nenhuma medida nos primeiros dias de sua gestão. Disse que a decisão do Copom em sua última reunião, de elevar de 22% para 25% a taxa básica de juros (Selic), foi acertada.
"A inflação atual é uma bolha, causada pelo dólar e a alta do petróleo. O Copom já tomou a medida necessária para que a inflação de custo não se torne uma inflação de demanda", disse ele, logo após a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.
O novo presidente do BC afirmou que é compatível o trabalho que fará na instituição com as mudanças na política econômica que o presidente Lula deseja.
Disse que a forma com a qual o BC pode contribuir é conquistar a estabilidade de preços, isto é, combater a inflação. Reforçou que o BC não terá como meta o crescimento econômico e que essa é uma tarefa para o governo.


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