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MERCADOS FINANCEIROS
"Lua-de-mel" com o governo pode durar semanas; inflação, juros e cenário externo preocupam
Para analistas, 2003 deve começar bem
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ano novo, novas decisões de investimentos. Para muitos investidores, é hora de tentar traçar perspectivas considerando eventos e
tendências com potencial para
surpreender o mercado em 2003.
Para a maioria dos analistas, o
ano começa bem. Para alguns a
bonança dura duas semanas, desde que não surjam frentes frias ou
mesmo tempestades do exterior.
"Essa tranquilidade é possível
no cenário doméstico se a guerra
no Oriente Médio não ocorrer no
período e se o governo der sinais
de responsabilidade fiscal e manutenção do equilíbrio macroeconômico", diz Marco Sudano, da
Unibanco Asset Management.
Para outros, serão apenas alguns bons pregões, graças à euforia em torno do novo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
"Nos últimos 13 anos, em 92%
dos casos em que janeiro foi positivo, a Bolsa terminou o ano no
positivo. Mas acho que janeiro fechará negativo, a Bolsa já subiu
muito", diz Luiz Antonio Vaz das
Neves, da Planner. Para analistas,
o investidor deve ficar atento a:
Política
O bom relacionamento do governo com os mercados pode acabar se o presidente Lula não agir
rápido- para alguns analistas o
prazo é de no máximo 180 dias-
e tentar aprovar, por exemplo, a
reforma da Previdência.
A obtenção de maioria parlamentar para aprovação de reformas, além de respeito à restrição
do orçamento e combate à inflação, com regime de metas, são
considerados essenciais para que
o namoro se reafirme.
Juros e inflação
Uma parcela do mercado espera
alta da taxa de juros de 1 a 4 pontos percentuais em até três meses.
"Se o cenário externo melhorar
e o governo aprovar a reforma da
Previdência, o risco Brasil pode
cair e, no segundo semestre, poderemos ter queda nos juros mais
significativas", diz Júlio Ziegelmann, do BankBoston.
Apesar da redução da alta, a inflação ainda preocupa. Em razão
disso, uma parcela de gestores recomenda fugir de papéis de empresas com preços controlados
pelo governo, que tendem a ter
maior dificuldade de repassar
preços para o consumidor.
Exterior
Ameaça de guerra no Oriente
Médio, crises na Venezuela e na
Coréia do Norte, economia americana com fracos sinais de recuperação, além da aversão ao risco,
fomentam incertezas. Se economia americana não começar a dar
sinais fortes, pode haver deflação.
Para alguns analistas, no caso de
a guerra, contrariando expectativas, não se revelar rápida, consumidores e empresas cortariam
gastos, o que derrubaria os lucros
e as Bolsas. "A guerra tende a não
derrubar as ações, como ocorreu
em outros ataques dos EUA à região", discorda Vaz das Neves.
Para muitos, porém, os preços
das commodities poderiam cair
rapidamente com o fim dos conflitos e beneficiara a economia e o
mercado acionário americanos.
Setores em 2003
Para analistas, o desempenho
dos setores depende de como ficará o câmbio. "Se o cenário for
de apreciação do real, se o novo
governo conseguir manter a credibilidade, a tendência é de que o
setor de telefonia, principalmente
fixa, se destaque", diz Sudano.
Caso as expectativas do mercado sejam frustradas, o investidor
deve ficar mais conservador. "Para as exportadoras continuarem a
subir, porém, o câmbio teria que
subir para R$ 4, o que não é esperado", afirma Ziegelmann.
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