São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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Moeda forte não afasta risco de recessão na UE

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao cenário de alta da cotação do euro, soma-se um desaquecimento das principais economias do bloco, com a Alemanha à beira da recessão. A previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2003 dos 12 países que adotaram a moeda é de 1,8%. No princípio de 2002, o BCE (Banco Central Europeu) projetava 2,9%. A Alemanha é o país que mais tem contribuído para a estagnação econômica do bloco.
A unificação alemã, que trouxe um legado de desemprego na ex-Alemanha Oriental, está na raiz dos problemas do país. Um aumento generalizado de salários, de cerca de 30% no começo de 2002, ajudou a piorar a situação. "Além de não de se refletir em expansão do consumo, a elevação dos salários ainda causou a retração do número de postos de trabalho oferecidos", destaca Plöger.
Com crescimento próximo a zero, alguns analistas avaliam que, se não implementar leis trabalhistas mais flexíveis e não conduzir uma reforma previdenciária, a economia vai fatalmente entrar em recessão. Mas essas reformas enfrentam dois obstáculos.
O primeiro, de ordem interna, é a dificuldade de um governo de viés socialista, como o do chanceler Gehard Shröder, de tomar medidas impopulares. O outro, de ordem externa, é a pouca margem de manobra dos países da UE que são atrelados ao pacto de estabilidade, que impõe regras rígidas para as economias.
Para Jean-Paul Betbeze, diretor de estudos econômicos e financeiros do Crédit Lyonnais, em Paris, entretanto, antes de pensar em implementar uma agenda de reformas, seria necessário efetuar um corte de 0,5% na taxa de juros estipulada BCE e flexibilizar o pacto de estabilidade no tocante à limitação do déficit a 3% do PIB.
Para o economista, as medidas dariam fôlego ao consumo interno e não acarretariam inflação.
A proposta, porém, não é consenso nas duas principais economias do bloco: a alemã e a francesa. O governo alemão planeja aumento de impostos e corte de despesas para se adequar às limitações do pacto. Já para o governo francês, as propostas da Alemanha vão arrastar as demais economias da região para uma recessão.


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