São Paulo, sexta-feira, 02 de janeiro de 2004

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Tarifas públicas devem ter peso menor no IPCA

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Os reajustes das principais tarifas públicas e preços administrados neste ano devem contribuir com um ponto percentual no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). A meta de inflação fixada pelo Banco Central para 2004 é de 5,5% -com uma tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Já o Relatório de Inflação, divulgado pelo BC, prevê taxa anual de 4,5%.
O impacto dos preços administrados e das tarifas representará 18% de toda a inflação do ano, se o núcleo da meta for cumprido.
Em 2003, os preços administrados representaram 1,7 ponto percentual do IPCA, segundo as previsões adotadas pela autoridade monetária. O índice fechado do ano passado ainda não foi divulgado, mas, conforme a projeção do BC, deve ficar em 9,1%. Caso isso se concretize, o impacto das tarifas terá sido de 18,68%.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que só o aumento projetado para a gasolina -de 9,5% para 2004- terá um impacto de 0,38 ponto na inflação. Em 2003, o peso do combustível foi menor: 0,036 ponto.
Para o economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Carlos Thadeu de Freitas Filho, todos os aumentos de tarifas públicas e preços administrados somados representarão uma alta acumulada de 6,5% em 2004.
"Esse percentual só não vai acontecer caso o dólar e o preço do petróleo, que estão mais ou menos estáveis, voltem a subir."
O diretor de abastecimento da Petrobras, Rogério Manso, acha que os preços do óleo ficarão estáveis neste ano. Na avaliação dele, as cotações vão oscilar "mais perto do centro da banda" fixada pelo Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que oscila de US$ 22 a US$ 28 o barril.
Tradicionalmente uma das maiores pressões nos índices de inflação, a energia elétrica contribuirá com 0,33 ponto. A estimativa feita pelo BC é de um aumento de 7,2%. Em 2003, a contribuição da energia ficou em 0,99 ponto.
Com uma elevação prevista de 6,6%, o peso do telefone fixo será de 0,22 ponto percentual. Em 2003, ficou em 0,63 ponto, com uma alta projetada de 19,1%.
No caso do gás de cozinha, o reajuste previsto de 3,5% causará um impacto de 0,06 ponto. O impacto em 2003 ficou também em 0,06, caso o reajuste previsto pelo BC de 3,7% se concretize.
Segundo Freitas Filho, os aumentos tanto da energia quanto do telefone fixo serão menores porque não "carregarão" mais as fortes altas dos índices de preço do início do ano passado.
Freitas afirmou que, se o dólar e o petróleo subirem 20%, as tarifas terão um peso de 12% na inflação.



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