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CIGARROS
União e Estados deixam de arrecadar R$ 800 mi por ano devido a contrabando e outros crimes fiscais
Receita investiga papéis da Souza Cruz
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
O secretário da Receita Federal,
Everardo Maciel, encaminhou
ontem para a equipe de inteligência do fisco toda a documentação
que demonstra que a Souza Cruz
e sua controladora, a BAT (British
American Tobacco), estiveram
envolvidas diretamente em contrabando de cigarros nas décadas
de 80 e de 90.
Embora os crimes fiscais já estejam prescritos, há suspeitas de
que as mesmas práticas continuaram sendo adotadas mais recentemente pela Souza Cruz.
Nos cálculos da Receita, o governo federal e os Estados deixaram de arrecadar R$ 800 milhões
no ano passado por conta do contrabando e de outras atividades
ilícitas vinculadas à produção e ao
comércio de cigarros.
Os produtos falsificados ou
contrabandeados respondem
atualmente por cerca de 25% a
30% do mercado. Esses dados fazem do tema uma das principais
obsessões da Receita Federal, que
implementou pelo menos três
medidas para inibir essas práticas
desde o final de 1998.
Maciel, entretanto, sabe que as
medidas na área fiscal são insuficientes. "Nesse caso, é preciso jogar mais pesado. A punição para
esses crimes deve ser mais forte",
afirmou à Folha.
Segundo Maciel, os crimes fiscais que envolvem o setor podem
ser divididos em quatro categorias: as exportações fictícias (ou
embarques que não chegam a sair
do país); as exportações de cigarros para países como o Paraguai e
Trinidad e Tobago, que acabam
retornando ao Brasil; as falsificações de cigarros brasileiros feitas
no exterior, principalmente no
Paraguai, no Uruguai e na China,
que depois são contrabandeadas
para o país; as produções ilegais e
falsificações feitas no Brasil.
Recentemente, a Receita Federal apreendeu 1,2 tonelada de fumo, que seria destinado à produção ilegal de cigarros, em uma fábrica de Cajamar (SP).
Também confiscou, no porto de
Santos, todo um desembarque de
cigarros brasileiros falsificados e
provenientes da China. O produto falso foi identificado porque
uma das letras impressas no selo
de controle estava invertida.
Segundo Maciel, uma das medidas mais eficientes adotadas pelo
fisco foi a imposição de uma alíquota de 150% de imposto de exportação sobre os cigarros brasileiros. Nenhum outro produto é
taxado por meio desse tributo.
Com a iniciativa, a Receita praticamente eliminou as exportações
fictícias e também o passeio do cigarro para outros países, antes de
sua venda final no Brasil.
O IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) também passou
a incidir sobre o maço (ou carteira) de cigarros e não mais sobre
cada unidade.
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