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Parcela da dívida mobiliária federal
atrelada aos juros sobe para 55,2%
DA REPORTAGEM LOCAL
A dívida mobiliária federal
-em títulos- encerrou 2002
com uma parcela muito elevada
de títulos atrelados à variação
cambial e à taxa básica de juros.
Com o atual cenário de juros em
alta -o Copom (Comitê de Política Monetária) aumentou em 0,5
ponto percentual a taxa básica em
sua última reunião-, o controle
do crescimento da dívida se tornou mais problemático.
Em dezembro, 55,2% da dívida
mobiliária de R$ 623,2 bilhões estava atrelada à Selic. Desde junho
do ano passado, esse percentual
tem aumentado. Os sucessivos
aumentos da taxa básica -que
saltou de 18% no início de outubro de 2002 para os atuais 25,5%
ao ano- apenas dificultam a diminuição do percentual da dívida
que segue os juros.
A parte da dívida atrelada ao
câmbio diminuiu um pouco em
dezembro, consequência dos resgates de papéis que acompanham
a variação do dólar.
Além disso, a freada na escalada
da cotação da moeda também colaborou. Mas analistas afirmam
que o patamar -20,3% da dívida
assumida pelo governo federal
por meio da emissão de títulos
públicos era atrelada ao câmbio
em dezembro- ainda é bastante
desconfortável para o governo.
"O efeito da elevação da meta
para o superávit primário acaba
sendo engolido pela instabilidade
interna e externa, que tem pressionado câmbio e juros", diz Wilson Ramião, economista do banco Lloyds TSB.
Somente no ano passado, os
gastos do setor público (União,
Estados, municípios e estatais)
com o pagamento de juros da dívida chegaram a R$ 114 bilhões,
ou 32% a mais do que as despesas
financeiras do ano anterior.
O aumento registrado no ano
passado aconteceu basicamente
por três fatores: escalada do dólar,
dos juros e da inflação.
Para Ramião, não adianta o governo seguir aumentando o superávit para economizar mais para
pagar juros da dívida. "Não resolve nada o governo ficar prometendo um superávit primário
maior. Se aumentar e não cumprir, é pior, pois o mercado vai cobrar", diz o economista.
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