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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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Parcela da dívida mobiliária federal atrelada aos juros sobe para 55,2%

DA REPORTAGEM LOCAL

A dívida mobiliária federal -em títulos- encerrou 2002 com uma parcela muito elevada de títulos atrelados à variação cambial e à taxa básica de juros.
Com o atual cenário de juros em alta -o Copom (Comitê de Política Monetária) aumentou em 0,5 ponto percentual a taxa básica em sua última reunião-, o controle do crescimento da dívida se tornou mais problemático.
Em dezembro, 55,2% da dívida mobiliária de R$ 623,2 bilhões estava atrelada à Selic. Desde junho do ano passado, esse percentual tem aumentado. Os sucessivos aumentos da taxa básica -que saltou de 18% no início de outubro de 2002 para os atuais 25,5% ao ano- apenas dificultam a diminuição do percentual da dívida que segue os juros.
A parte da dívida atrelada ao câmbio diminuiu um pouco em dezembro, consequência dos resgates de papéis que acompanham a variação do dólar.
Além disso, a freada na escalada da cotação da moeda também colaborou. Mas analistas afirmam que o patamar -20,3% da dívida assumida pelo governo federal por meio da emissão de títulos públicos era atrelada ao câmbio em dezembro- ainda é bastante desconfortável para o governo.
"O efeito da elevação da meta para o superávit primário acaba sendo engolido pela instabilidade interna e externa, que tem pressionado câmbio e juros", diz Wilson Ramião, economista do banco Lloyds TSB.
Somente no ano passado, os gastos do setor público (União, Estados, municípios e estatais) com o pagamento de juros da dívida chegaram a R$ 114 bilhões, ou 32% a mais do que as despesas financeiras do ano anterior.
O aumento registrado no ano passado aconteceu basicamente por três fatores: escalada do dólar, dos juros e da inflação.
Para Ramião, não adianta o governo seguir aumentando o superávit para economizar mais para pagar juros da dívida. "Não resolve nada o governo ficar prometendo um superávit primário maior. Se aumentar e não cumprir, é pior, pois o mercado vai cobrar", diz o economista.



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