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Intenção é que FMI não considere como gastos os investimentos de empresas mais rentáveis
Governo vai negociar despesa de estatal
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai negociar com o
FMI (Fundo Monetário Internacional) para que os investimentos
das empresas estatais mais rentáveis, como a Petrobras e a Eletrobrás, não afetem a meta de superávit primário do governo.
Hoje esses gastos são tratados
como despesas, reduzindo o superávit. Portanto, as empresas
têm de controlar os investimentos
para não afetar as metas.
Se os investimentos programados deixam de afetar as metas, o
governo pode reduzir o seu esforço fiscal porque o efeito é o mesmo de um corte orçamentário.
"Se a Petrobras deixa de fazer
investimentos, você perde lá na
frente o que ganhou no curto prazo [superávit]", argumentou o
chefe da Assessoria Econômica
do Ministério do Planejamento,
José Carlos Miranda.
O objetivo da mudança é diferenciar os gastos com despesas
correntes, como é a compra de
material de escritório, das despesas que podem aumentar a capacidade de produção das empresas.
Em junho do ano passado, o então secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier,
disse que o governo havia negociado mudanças nesse sentido
com o FMI. Segundo ele, as mudanças valeriam apenas para a Petrobras e seriam aplicadas parcialmente em 2002.
Depois disso o acordo foi revisto e acabou mudando completamente em razão da crise de confiança dos investidores em relação aos rumos da economia. "Isso
[a mudança em relação aos investimentos das estatais" está no memorando, mas não foi aplicado",
contou Miranda.
No ano passado, Bier informou
que a novidade seria aplicada parcialmente porque o governo havia
acabado de anunciar um aumento do superávit programado para
2002. A mudança poderia sofrer
uma "leitura errada" por parte do
mercado.
Agora, o governo também pretende aumentar o superávit de
2003. Portanto ainda não se sabe
como irão evoluir as conversas
com o FMI. A missão técnica do
Fundo que vai revisar o atual
acordo chega ao país na semana
que vem.
Em 2002, Bier disse que a mudança no critério de classificação
dos investimentos seria feito apenas em relação à Petrobras porque a empresa apresentava uma
boa taxa de retorno.
Miranda defendeu, porém, que
o novo critério também seja aplicado em relação às empresas da
área de energia elétrica.
Em 2001, o governo anterior foi
muito criticado por ter cortado
investimentos no setor energético, o que teria contribuído para
provocar o racionamento de
energia ocorrido naquele ano.
No acordo com o FMI, os lucros
das empresas estatais tanto federais como estaduais se somam à
economia de receitas feita pelo
governo federal, governos estaduais e prefeituras.
O total de gastos das empresas
estatais federais em 2003 está programado em R$ 24 bilhões.
(SÍLVIA MUGNATTO E LEONARDO SOUZA)
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