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Superávit de janeiro é o pior da era Lula
Com aumento das importações, saldo comercial cai 62,5%, para US$ 944 milhões, resultado mais baixo desde junho de 2002
Compras externas crescem 45,6%, e exportações, 20,9%; expectativa é que superávit do ano caia em relação
aos US$ 40 bi de 2007
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que
ao assumir o cargo prometeu
ser um "mascate" para vender
os produtos brasileiros no exterior, teve em janeiro o pior superávit comercial de toda a sua
gestão. O superávit da balança
foi de US$ 944 milhões, resultado mais baixo desde junho de
2002, quando ficou em US$
685 milhões, e 62,5% menor
que os US$ 2,5 bilhões de janeiro de 2007.
O desempenho, fortemente
influenciado pelo aumento de
45,6% das importações, indica
que está em curso uma mudança estrutural no comércio exterior brasileiro com o fim do período de saldos elevados e o início de um ciclo de resultados
modestos com reflexos nas
contas do país.
Em janeiro, o Brasil exportou
US$ 13,28 bilhões e importou
US$ 12,33 bilhões. As vendas do
país cresceram 20,9%, e as
compras, 45,6%, em relação a
janeiro do ano passado.
A tendência, conforme avaliação do Ministério do Desenvolvimento, é a redução do saldo comercial em razão da expectativa de maior crescimento
das importações que das exportações. A despeito disso, nas
próximas semanas o ministério
deve apresentar uma nova projeção para as exportações e rever para cima a estimativa inicial de US$ 178 bilhões.
Em 2008 especificamente,
câmbio valorizado, menor crescimento mundial, risco de desvalorização dos preços das
commodities e menor crescimento mundial agem simultaneamente para ameaçar o desempenho das exportações.
Demanda interna
Por outro lado, a demanda
interna aquecida, maior necessidade de investimento das empresas e dólar fraco deverão
manter as importações em alta.
O resultado, conforme avaliação de exportadores e analistas, é o encolhimento do superávit, que deve fechar 2008 menor que os US$ 40 bilhões registrados no ano passado.
O presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carne), Marcus Vinicius Pratini de Morais,
avalia que, como a economia
brasileira apresenta melhores
condições de expansão, é normal importações superarem
exportações.
"A preocupação é quanto ao
déficit esperado para a conta
transações correntes", afirma
Pratini de Morais. A conta, que
inclui todas as negociações de
bens e serviços com outros países, é um dos indicadores de
sustentabilidade externa.
Menor competitividade
Na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), as avaliações não são favoráveis e relacionam a perda de
fôlego das exportações à menor
competitividade dos produtos
brasileiros nos mercados internacionais devido ao enfraquecimento do dólar.
O diretor de Comércio Exterior e Relações Internacionais
da entidade, Roberto Giannetti, afirma que em 2006 e 2007 a
âncora das vendas brasileiras
no exterior foi mais o valor dos
embarques, principalmente
commodities, do que os volumes negociados, um fator que
poderá não se repetir neste
ano.
"A situação de crise nos Estados Unidos, e o efeito disso no
mundo, pode levar à estagnação dos preços. Nada indica que
as cotações irão se manter no
nível atual", afirma.
As commodities minerais e
agrícolas respondem por 65%
das exportações, que nos 12
meses encerrados em janeiro
ficaram em US$ 162,9 bilhões.
Os dados de janeiro também
mostram que os efeitos da instabilidade internacional começaram a chegar no Brasil.
As exportações de US$ 13,2
bilhões evidenciam que as empresas brasileiras começaram a
se movimentar para antecipar
vendas e embarques. Os sinais
da antecipação de contratos de
venda como forma de aproveitar os atuais preços das commodities começam a chegar ao
governo, conforme indicou o
secretário-substituto de Comércio Exterior, Fábio Faria.
Um exemplo da antecipação
pode ser detectado nas exportações de alguns produtos agrícolas. No mês passado, os embarques da soja em grão aumentaram 82% em comparação a janeiro do ano passado e
atingiram US$ 251 milhões. As
vendas de carne bovina avançaram 40% e somaram US$ 365
milhões.
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