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Folhainvest
Fundos de ações reagem no início do ano
Com Bolsa em alta, essas aplicações tiveram em janeiro o maior saldo desde junho; até o dia 27, foram captados R$ 3 bi
Analista lembra que ainda
há muita incerteza à frente
e que alta de 4,6% da Bolsa
no mês não deve ser vista
como uma nova tendência
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após derreter em 2008, o
mercado acionário doméstico
iniciou 2009 em um ritmo mais
animador. Em meio à alta de
4,66% registrada pela Bovespa
no primeiro mês do ano, os fundos de ações atraíram um volume expressivo de recursos. Até
o dia 27 de janeiro, R$ 3,01 bilhões líquidos foram aplicados
nos fundos de ações -desde junho passado o saldo não era tão
expressivo em um mês.
O agravamento da crise no
segundo semestre do ano passado fez com que muitas companhias brasileiras perdessem
valor de forma rápida e intensa
na Bolsa. Analistas têm nos últimos meses repetido que boas
oportunidades surgiram no
mercado acionário e, desde que
o investidor pense no longo
prazo, poderiam ser uma escolha interessante.
Em 2008, apesar da queda
recorde da Bovespa -que perdeu 41,22%, em seu pior ano
desde 1972-, os investidores
tinham mantido o sangue-frio.
Os fundos de ações encerraram
o ano passado com mais aplicações que saques, em um montante de R$ 5,09 bilhões. Os dados pertencem à Anbid (Associação Nacional dos Bancos de
Investimento).
Na opinião de Rodrigo Bresser-Pereira, sócio-diretor da
Bresser Asset Management, o
resultado de janeiro não deve
ser encarado ainda como uma
virada da Bolsa de Valores. "Foi
uma pequena recuperação, ainda é cedo para comemorar e
contar com uma mudança de
tendência [da Bolsa]", avalia
Bresser-Pereira.
O futuro da Bolsa em 2009
ainda é incerto. No mercado internacional, janeiro ainda foi
um mês de fortes perdas para
as ações. Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 8,84% no
primeiro mês do ano. Em Londres, a Bolsa perdeu 6,42%, e
em Tóquio houve queda de
9,77% no mês passado.
A alta expressiva dos papéis
das duas maiores companhias
da Bovespa -Petrobras e Vale- ajudou no desempenho dos
fundos de ações nessas últimas
semanas. Isso porque os fundos, mesmo os que não são indexados ao Ibovespa (o principal índice da Bolsa), costumam
carregar elevadas posições em
Petrobras e Vale.
A ação preferencial da Petrobras, a mais negociada do mercado brasileiro, terminou janeiro com ganhos acumulados
de 9,59%. E a ação preferencial
"A" da Vale, a segunda de maior
liquidez do mercado, disparou
17,25% no mês.
O resultado da Bovespa não
foi mais animador por alguns
motivos, entre os quais o mau
desempenho das ações do setor
bancário e a falta de apetite dos
investidores estrangeiros. Após
iniciarem o mês com compras
mais expressivas de ações brasileiras, os estrangeiros acabaram invertendo o rumo no decorrer de janeiro. Até o dia 28, o
saldo das operações feitas com
capital externo estava negativo
em R$ 502 milhões.
"Houve setores que haviam
perdido muito na Bolsa [em
2008], por conta do cenário catastrófico que se desenhou na
economia mundial, e que agora
se recuperaram bem, como Petrobras e Vale", afirma Fausto
Gouveia, economista da Infra
Asset. "Mas é importante que o
investidor não seja tomado pela euforia e corra para comprar
ações de qualquer forma. O
mercado ainda reserva muita
volatilidade pela frente", diz.
Para os investidores menos
acostumados com as oscilações
da Bolsa de Valores, aplicar sozinho, por meio do "home broker" (negociação de ações pela
internet), pode ser uma opção
de bastante risco neste momento ainda repleto de incertezas. Buscar um fundo de
ações pode ser uma alternativa
um pouco menos arriscada,
pois a aplicação sempre conta
com um gestor responsável.
Hoje existem mais de 1.350
fundos de ações, oferecidos pelas instituições financeiras. Toda a indústria do setor conta
com 8.350 fundos.
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