São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

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Folhainvest

Fundos de ações reagem no início do ano

Com Bolsa em alta, essas aplicações tiveram em janeiro o maior saldo desde junho; até o dia 27, foram captados R$ 3 bi

Analista lembra que ainda há muita incerteza à frente e que alta de 4,6% da Bolsa no mês não deve ser vista como uma nova tendência

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após derreter em 2008, o mercado acionário doméstico iniciou 2009 em um ritmo mais animador. Em meio à alta de 4,66% registrada pela Bovespa no primeiro mês do ano, os fundos de ações atraíram um volume expressivo de recursos. Até o dia 27 de janeiro, R$ 3,01 bilhões líquidos foram aplicados nos fundos de ações -desde junho passado o saldo não era tão expressivo em um mês.
O agravamento da crise no segundo semestre do ano passado fez com que muitas companhias brasileiras perdessem valor de forma rápida e intensa na Bolsa. Analistas têm nos últimos meses repetido que boas oportunidades surgiram no mercado acionário e, desde que o investidor pense no longo prazo, poderiam ser uma escolha interessante.
Em 2008, apesar da queda recorde da Bovespa -que perdeu 41,22%, em seu pior ano desde 1972-, os investidores tinham mantido o sangue-frio. Os fundos de ações encerraram o ano passado com mais aplicações que saques, em um montante de R$ 5,09 bilhões. Os dados pertencem à Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Na opinião de Rodrigo Bresser-Pereira, sócio-diretor da Bresser Asset Management, o resultado de janeiro não deve ser encarado ainda como uma virada da Bolsa de Valores. "Foi uma pequena recuperação, ainda é cedo para comemorar e contar com uma mudança de tendência [da Bolsa]", avalia Bresser-Pereira.
O futuro da Bolsa em 2009 ainda é incerto. No mercado internacional, janeiro ainda foi um mês de fortes perdas para as ações. Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 8,84% no primeiro mês do ano. Em Londres, a Bolsa perdeu 6,42%, e em Tóquio houve queda de 9,77% no mês passado.
A alta expressiva dos papéis das duas maiores companhias da Bovespa -Petrobras e Vale- ajudou no desempenho dos fundos de ações nessas últimas semanas. Isso porque os fundos, mesmo os que não são indexados ao Ibovespa (o principal índice da Bolsa), costumam carregar elevadas posições em Petrobras e Vale.
A ação preferencial da Petrobras, a mais negociada do mercado brasileiro, terminou janeiro com ganhos acumulados de 9,59%. E a ação preferencial "A" da Vale, a segunda de maior liquidez do mercado, disparou 17,25% no mês.
O resultado da Bovespa não foi mais animador por alguns motivos, entre os quais o mau desempenho das ações do setor bancário e a falta de apetite dos investidores estrangeiros. Após iniciarem o mês com compras mais expressivas de ações brasileiras, os estrangeiros acabaram invertendo o rumo no decorrer de janeiro. Até o dia 28, o saldo das operações feitas com capital externo estava negativo em R$ 502 milhões.
"Houve setores que haviam perdido muito na Bolsa [em 2008], por conta do cenário catastrófico que se desenhou na economia mundial, e que agora se recuperaram bem, como Petrobras e Vale", afirma Fausto Gouveia, economista da Infra Asset. "Mas é importante que o investidor não seja tomado pela euforia e corra para comprar ações de qualquer forma. O mercado ainda reserva muita volatilidade pela frente", diz.
Para os investidores menos acostumados com as oscilações da Bolsa de Valores, aplicar sozinho, por meio do "home broker" (negociação de ações pela internet), pode ser uma opção de bastante risco neste momento ainda repleto de incertezas. Buscar um fundo de ações pode ser uma alternativa um pouco menos arriscada, pois a aplicação sempre conta com um gestor responsável.
Hoje existem mais de 1.350 fundos de ações, oferecidos pelas instituições financeiras. Toda a indústria do setor conta com 8.350 fundos.


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