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Indústria vê agravamento da crise em SP
Empresário prevê menos demanda e mais desemprego nos próximos meses; uso da capacidade instalada cai 10 pontos
Índice de confiança reflete pessimismo maior dos industriais de São Paulo quando se compara com a média do país, diz pesquisa
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O índice de confiança da empresário industrial paulista fechou em 41,7 pontos em janeiro, redução de 7 pontos em relação aos 48,7 de outubro passado. Em comparação a janeiro
de 2008, que foi de 61,5 pontos,
a queda foi de 19,8 pontos.
A redução do índice de confiança do empresário paulista
foi maior do que a média do industrial brasileiro -que caiu de
52,5 pontos em outubro para
47,4 em janeiro, 5,1 pontos. Em
relação a janeiro de 2008, a retração foi de 14,4 pontos.
Essas conclusões constam de
estudo da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo) elaborado com base na
sondagem industrial da CNI
(Confederação Nacional da Indústria). A CNI divulga apenas
o resultado nacional da pesquisa. O levantamento regional é
distribuído para as federações.
Em São Paulo, a pesquisa da
CNI foi feita com 226 empresas, sendo 39 grandes, 74 médias e 113 pequenas.
Para Paulo Francini, diretor
da Fiesp, o que mais chama a
atenção são a velocidade e a intensidade da crise. De outubro
a janeiro, as expectativas pioraram sensivelmente para os próximos seis meses. "A força dessa crise nos pegou de surpresa."
"O maior receio é a contundência da crise no mercado global", afirma Jackson Schneider,
presidente da Anfavea (associação das montadoras).
Marcha lenta
Desde que a pesquisa CNI/
Fiesp foi iniciada, em 2004,
nunca a indústria paulista esteve com o estoque tão elevado e
o nível de utilização da capacidade tão baixo. Com a falta de
demanda, são sinais de produção em marcha lenta.
Segundo o trabalho, o estoque na indústria paulista saltou
de 53,4 para 60,6 pontos de outubro para janeiro. No ano passado, em janeiro, estava em 49.
A utilização da capacidade da
indústria paulista também caiu
substancialmente, de 82% em
outubro para 72% de janeiro.
A melhora dos indicadores
de estoque e da utilização da capacidade depende essencialmente do comportamento da
demanda, que, pela pesquisa,
não mostra sinais otimistas.
Houve piora em relação à procura por produtos. O indicador
da expectativa para os próximos seis meses caiu 18,8 pontos: de 49 em outubro para 30,2
pontos em janeiro.
As perspectivas de contratações e de compras de matérias-primas para os próximos seis
meses também se retraíram. A
expectativa quanto ao número
de empregados baixou 12,4
pontos -de 47,5 para 35,1 pontos de uma pesquisa para outra.
A de compras de matérias-primas encolheu de 47,7 para 31,3
pontos (menos 16,4 pontos).
Diante desse quadro, os principais problemas enfrentados
pela indústria paulista se inverteram de uma pesquisa para
outra. A elevada carga tributária ainda continua sendo a
maior dor de cabeça, mas com
menos importância agora. No
terceiro trimestre do ano passado, a carga tributária era um
entrave para 70,8% dos empresários. No quarto trimestre, o
percentual caiu para 62,4%.
Outros problemas, que antes
estavam no topo das preocupações, hoje foram para o fim da
fila -casos de falta de matéria-prima e de trabalhadores qualificados. A falta de demanda se
tornou a segunda maior preocupação do empresário.
O trabalho concluiu que as
médias empresas são as que
mais sofrem os efeitos da crise.
Por estarem emparedadas, sentem com a mesma intensidade
os problemas que mais atingem
as grandes (em especial a restrição ao crédito) e as pequenas
(a falta de demanda).
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