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Importação de carros pesa, e balança tem deficit de US$ 166 mi
Compra de veículos sobe 84% em janeiro; no mês, saldo negativo chegou a encostar em US$ 1 bilhão
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fôlego crescente das importações de automóveis, beneficiadas pelo câmbio barato
no início do ano, afetou a alança
saldo comercial em janeiro.
De acordo com o Ministério
do Desenvolvimento, foi registrado deficit de US$ 166 milhões no mês passado, quando a
exportação de produtos agrícolas e o ritmo na produção industrial são menores.
As compras de veículos importados somaram US$ 518 milhões no mês passado, 83,8% a
mais do que em janeiro de
2009, principalmente devido à
maior entrada de carros mexicanos e argentinos no país. Como as exportações de veículos
no período ficaram em US$ 279
milhões, somente a balança do
setor automotivo foi deficitária
em US$ 239 milhões.
Apesar de negativo, o resultado mensal surpreendeu o mercado, que até meados do mês
apostava em um tombo maior.
Nas duas primeiras semanas
de janeiro, o comércio com o
resto do mundo chegou a acumular deficit de US$ 967 milhões, em parte recuperado no
fim do mês pelas vendas de petróleo, beneficiadas pela alta do
preço do combustível fóssil.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o deficit era esperado porque geralmente a produção industrial é menor no começo do
ano. E, como o superavit comercial já estava reduzido nos
últimos meses, o resultado acabou ficando negativo. Além disso, as importações registraram
a maior média mensal da história para o primeiro mês do ano.
"Mesmo assim, 2010 começou mais promissor do que o
ano passado", disse Barral, referindo-se ao deficit de US$
529 milhões apurado em janeiro de 2009, no auge da crise.
Segundo ele, o comportamento do comércio exterior no
mês passado foi semelhante ao
de outros anos para o período.
Já o crescimento contínuo
das importações se deve ao real
valorizado, que permite que o
aumento do consumo das famílias também se dê nas compras
de bens importados, como os
automóveis. Para Barral, também tem pesado o fato de o Brasil ter se tornado um mercado
prioritário para vários países
que têm dificuldade em colocar
suas mercadorias na Europa e
nos Estados Unidos.
Mas, para equilibrar novamente a balança, os exportadores ainda enfrentam problemas
de financiamento, logística, burocracia e tributação. "Temos
dezenas de tarefas a serem realizadas, mas não adianta grandes medidas se na ponta faltar
um carimbo", disse Barral, que
aguarda a aprovação da Receita
para ampliar mecanismos de
desoneração das exportações.
Como em janeiro os produtores rurais não tiveram o que exportar, a China, que detém
enorme apetite por commodities, voltou a perder para os
EUA a posição de maior parceiro comercial do Brasil.
Para André Sacconato, economista da consultoria Tendências, o resultado negativo
não sinaliza um ano ruim, uma
vez que os chineses devem recuperar o protagonismo nas relações comerciais e as importações podem não crescer tanto
quanto projetam alguns.
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