São Paulo, terça-feira, 02 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Importação de carros pesa, e balança tem deficit de US$ 166 mi

Compra de veículos sobe 84% em janeiro; no mês, saldo negativo chegou a encostar em US$ 1 bilhão

EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fôlego crescente das importações de automóveis, beneficiadas pelo câmbio barato no início do ano, afetou a alança saldo comercial em janeiro.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, foi registrado deficit de US$ 166 milhões no mês passado, quando a exportação de produtos agrícolas e o ritmo na produção industrial são menores.
As compras de veículos importados somaram US$ 518 milhões no mês passado, 83,8% a mais do que em janeiro de 2009, principalmente devido à maior entrada de carros mexicanos e argentinos no país. Como as exportações de veículos no período ficaram em US$ 279 milhões, somente a balança do setor automotivo foi deficitária em US$ 239 milhões.
Apesar de negativo, o resultado mensal surpreendeu o mercado, que até meados do mês apostava em um tombo maior.
Nas duas primeiras semanas de janeiro, o comércio com o resto do mundo chegou a acumular deficit de US$ 967 milhões, em parte recuperado no fim do mês pelas vendas de petróleo, beneficiadas pela alta do preço do combustível fóssil.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o deficit era esperado porque geralmente a produção industrial é menor no começo do ano. E, como o superavit comercial já estava reduzido nos últimos meses, o resultado acabou ficando negativo. Além disso, as importações registraram a maior média mensal da história para o primeiro mês do ano.
"Mesmo assim, 2010 começou mais promissor do que o ano passado", disse Barral, referindo-se ao deficit de US$ 529 milhões apurado em janeiro de 2009, no auge da crise.
Segundo ele, o comportamento do comércio exterior no mês passado foi semelhante ao de outros anos para o período.
Já o crescimento contínuo das importações se deve ao real valorizado, que permite que o aumento do consumo das famílias também se dê nas compras de bens importados, como os automóveis. Para Barral, também tem pesado o fato de o Brasil ter se tornado um mercado prioritário para vários países que têm dificuldade em colocar suas mercadorias na Europa e nos Estados Unidos.
Mas, para equilibrar novamente a balança, os exportadores ainda enfrentam problemas de financiamento, logística, burocracia e tributação. "Temos dezenas de tarefas a serem realizadas, mas não adianta grandes medidas se na ponta faltar um carimbo", disse Barral, que aguarda a aprovação da Receita para ampliar mecanismos de desoneração das exportações.
Como em janeiro os produtores rurais não tiveram o que exportar, a China, que detém enorme apetite por commodities, voltou a perder para os EUA a posição de maior parceiro comercial do Brasil.
Para André Sacconato, economista da consultoria Tendências, o resultado negativo não sinaliza um ano ruim, uma vez que os chineses devem recuperar o protagonismo nas relações comerciais e as importações podem não crescer tanto quanto projetam alguns.


Texto Anterior: Fraude: Operação persona rende autuação de R$ 3,3 bi
Próximo Texto: Proposta de Orçamento de Obama prevê deficit recorde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.