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FMI descarta mudança a curto prazo
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
As novas regras que permitirão
a exclusão de gastos do governo
em infra-estrutura e dos investimentos de algumas empresas públicas no cálculo do superávit primário (economia para pagamento de juros) não ficarão prontas
no curto prazo. A afirmação foi
feita ontem à noite pelo diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Horst Köhler.
"Minhas expectativas são que,
no fim da primeira metade deste
ano, tenhamos orientações, linhas
gerais [...]", disse Köhler em entrevista coletiva ontem em São
Paulo.
Ele ressaltou não pode prometer que, até a próxima reunião do
FMI, em abril, haja alguma novidade sobre o assunto. Köhler enfatizou que as novas regras estão
sendo pensadas para toda a América Latina e, por isso, é preciso
definir um padrão que seja aceito
internacionalmente.
"Isso não quer dizer que uma
maior flexibilidade e mais investimentos em infra-estrutura terão
de esperar, digamos, dois ou três
anos", afirmou.
Köhler disse também que é preciso tomar cuidado para que as
novas regras mantenham os governos comprometidos com a
disciplina fiscal, para que não resultem "numa porta aberta para
novas dívidas".
Em visita a programas sociais
em Montes Claros (MG), na manhã de ontem, Köhler afirmou
que as regras que estão sendo
analisadas também têm como objetivo reduzir custos em áreas carentes para que a produção possa
ser mais competitiva.
Programa preventivo
Afinado com o discurso de Palocci -que disse ontem que o governo propôs ao FMI a criação de
uma linha genérica de empréstimos que poderia ser acionada
sem a necessidade de acordos detalhados-, Köhler afirmou:
"Eu expressei minha felicidade
[ao presidente Lula, em encontro
que tiveram anteontem] porque
todos os indicadores são os de que
o Brasil está a caminho do que
chamados de um programa de
prevenção".
As chamadas linhas de prevenção do FMI são acordos que não
exigem a negociação de programas específicos e detalhados.
O país se dispõe a cumprir determinadas metas e, com isso,
tem direito a saques em caso de
necessidade, embora se comprometa com o Fundo a não usar o
dinheiro.
Sistema financeiro
Köhler voltou a falar sobre a importância de o Brasil voltar a crescer de forma sustentada. Essa é a
razão pela qual o FMI estuda oferecer maior flexibilidade financeira ao país.
Ele mencionou também a necessidade de o sistema financeiro
brasileiro se tornar mais competitivo a fim de as taxas de juros caírem e de aumentar a oferta de crédito.
Köhler disse que pretende trabalhar com o governo federal e,
possivelmente, também com as
administrações estaduais a fim de
desenvolver, no futuro, um ambiente mais competitivo entre as
instituições financeiras do país.
O diretor-gerente do FMI também enfatizou a necessidade de o
Brasil manter as atuais políticas
macroeconômicas. Segundo ele,
isso tem garantido ao país credibilidade no sistema financeiro internacional para ter, por exemplo,
acesso a financiamento externo.
Segundo ele, os últimos indicadores de exportações, investimentos e consumo mostram que
a economia brasileira está se recuperando. O FMI acredita, disse
Köhler, que o Brasil possa crescer
3,5% neste ano e se manter na rota da expansão em 2005.
A respeito de informações publicadas pela imprensa argentina
de que Brasil e Argentina estariam discutindo uma abordagem
conjunta dos dois países em relação ao FMI, Köhler afirmou que
acha isso normal: "Não vejo nenhuma hostilidade nisso". Köhler
disse também que, na conversa
que teve com o presidente Lula,
não percebeu um "tom negativo"
sobre isso.
Colaborou Paulo Peixoto, da Agência
Folha, em Montes Claros
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