São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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MERCADO ABERTO

O ano de ouro da indústria

A indústria brasileira registrou em 2004 um dos melhores anos de sua história. A rentabilidade média (retorno sobre o patrimônio líqüido) da indústria atingiu 35,3 %, segundo estudo realizado pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) com uma amostra de 15 grandes empresas dos setores siderúrgico, químico e de papel e celulose.
De acordo com o trabalho do Iedi, a rentabilidade da indústria foi praticamente o dobro da dos bancos, que ficou em cerca de 17% no ano passado. As empresas selecionadas faturaram R$ 48 bilhões e registraram um lucro de R$ 10,2 bilhões. Na amostra estão Gerdau, Usiminas, CSN, Aracruz, Votorantim, Suzano e Klabin, entre outras.
Não foi só a rentabilidade que explodiu. A receita líqüida da indústria cresceu 20% em termos reais no ano passado, e o lucro líqüido, 73%. A dívida de curto prazo caiu 49,8%. Ou seja, foi reduzida quase pela metade. Já a dívida de longo prazo caiu 16,8%.
Em 2003, as empresas pesquisadas deviam 37% de seus ativos, e, em 2004, esse valor baixou para 20,2%, o que representou uma queda expressiva. Sinal de que as empresas estão preparadas para um novo ciclo de endividamento numa eventual retomada dos investimentos.
Os números mostram que 2004 foi mesmo o ano de ouro da indústria, com resultados melhores que os dos bancos. "A diferença é que todo ano é o ano de ouro dos bancos, já a indústria, só de vez em quando", diz o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor do Iedi.
O resultado de 2004 não reflete, ainda, o efeito negativo da queda do dólar para os exportadores -caso tenha ocorrido. O desempenho da indústria no ano passado foi muito influenciado pelas boas vendas ao mercado externo.
Entre os setores pesquisados, o grande destaque ficou por conta da siderurgia, que registrou uma rentabilidade de 45,1%.

SEM ESCALAS
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, embarca na próxima terça para os EUA, onde se encontrará com o irmão do presidente Bush, o governador da Flórida, Jeb Bush. Alckmin também participará da tradicional abertura do pregão da Bolsa de Nova York.

SEM ALARDE
Discretamente, o presidente mundial da International Paper, Robert Amen, veio ao Brasil na semana passada. Ele se encontrou com o governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT. Na pauta, os planos de construção de uma fábrica de papel em Três Lagoas (MS). O valor do investimento chega a US$ 1,3 bilhão.

ALERTA
Newton de Mello (Abimaq) afirma que a redução de impostos para a importação de equipamentos para a Usina Siderúrgica do Ceará ameaça 3.000 empregos em São Paulo e Minas Gerais. O alerta foi feito em encontro com o secretário de Desenvolvimento de São Paulo, João Carlos Meirelles.

POLITICAMENTE CORRETO
A Sadia criou o Instituto Sadia de Sustentabilidade. A iniciativa é um passo da empresa para se adequar ao Protocolo de Kyoto. O instituto cuidará de ações como os projetos de redução de emissão de gases, que gerarão créditos de carbono negociáveis em Bolsas de Valores.

FUMAÇA
A Justiça de Minas Gerais negou um pedido milionário de indenização de um ex-fumante contra a Souza Cruz. O valor chegava a R$ 2,28 milhões.

LUPA NA BUROCRACIA
Abram Szajman (Fecomercio SP) apresenta hoje o projeto "Simplificando o Brasil", com o diagnóstico dos entraves burocráticos que impedem o desenvolvimento econômico do país. Coordenado por Maria Helena Zockun, o projeto reúne um grupo de economistas da Fipe.

EFEITO "SIDEWAYS"
Não é só na Califórnia que o filme "Sideways - Entre Umas e Outras" tem impulsionado as vendas de vinhos Pinot Noir. No Brasil, as vendas dobraram na importadora Mistral, uma das maiores do Brasil.
"É raro nosso estoque de um tipo de vinho se esgotar, e isso aconteceu com um Pinot", disse Ciro Lilla, presidente da empresa.
Os Pinot ganharam destaque porque um dos personagens do filme é um amante dos vinhos dessa uva.

DISPUTA ACIRRADA
A disputa pela liderança do mercado nacional de automóveis (sem incluir comerciais leves) ficou embolada em fevereiro. A Volkswagen viu sua participação cair de 28,3% em janeiro para 24,9%, enquanto a Fiat oscilou de 25% para 24,4% e a General Motors encostou, subindo de 16,9% para 22,7%, segundo dados da Fenabrave (distribuidores de automóveis).
A proximidade é tanta que, se considerados os comerciais leves, a liderança no primeiro bimestre ficou com a GM, com 24,5% do mercado, à frente de Fiat (23,8%) e Volks (22,2%).


GUILHERME BARROS, com Marcelo Pinho e Marcelo Sakate
@ - guilherme.barros@uol.com.br



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