|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RETOMADA
Foi o maior crescimento desde 94, mas último trimestre mostra desaceleração com juros maiores; Palocci descarta "vôo de galinha"
PIB sobe 5,2% em 2004, mas já perde fôlego
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A economia brasileira registrou
em 2004 o maior crescimento
desde 1994, mas acabou o ano já
mostrando sinais de desaceleração no último trimestre.
Apesar do final de ano fraco, o
governo comemorou o resultado
de 2004. "Não há nenhuma possibilidade de "vôos de galinha" [ciclos de prosperidade de curta duração]", disse ontem o ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Impulsionado principalmente
pela reação do consumo doméstico, o PIB (Produto Interno Bruto)
cresceu 5,2% no ano passado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em
1994, a alta havia sido de 5,9%. Em
2003, de apenas 0,5%.
O resultado de 2004 é mais do
que o dobro da média anual na última década (2,4%). O PIB per capita subiu 3,7%, também a maior
taxa desde 1994 e superior à média da década, de 0,9%.
Crédito mais farto, juros médios
anuais mais baixos e massa salarial em alta puxaram o consumo
interno em 2004, fator determinante para a expansão do PIB, segundo o IBGE. Desde 2000, o consumo doméstico não impulsionava o PIB, que vinha sendo sustentado pelo setor externo.
O resultado geral do PIB também foi impulsionados pelo aumento de 8,5% no volume de impostos sobre produtos. Esse aumento teve impacto de 0,4 ponto
percentual na taxa de 5,2%, já que,
sem contar os impostos, o volume
efetivo de tudo o que foi produzido cresceu 4,8%.
Sob o efeito de juros mais altos e
de uma acomodação depois de 12
meses de forte crescimento, o PIB
subiu apenas 0,4% no último trimestre de 2004 em relação ao trimestre anterior. No terceiro trimestre, a alta havia sido de 1,1%.
Do lado da produção, a perda de
fôlego da indústria -alta de 0,5%
no quarto trimestre, contra 2,7%
no terceiro- foi a principal causa
da desaceleração. Na demanda, o
maior impacto veio da queda dos
investimentos (-3,9%).
O PIB do quarto trimestre anualizado corresponde a um crescimento de 1,7%, bem menor do
que o dos trimestres anteriores.
Para 2005, especialistas projetam
uma melhora a partir do segundo
trimestre, calcada na recuperação
do mercado de trabalho e no
afrouxamento do aperto monetário. O ano deve fechar com crescimento de 3,5% a 4%, estimam.
Texto Anterior: Mercado aberto: O ano de ouro da indústria Próximo Texto: Opinião econômica - Paulo Rabello de Castro: Democratização do capital Índice
|