São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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RETOMADA

Foi o maior crescimento desde 94, mas último trimestre mostra desaceleração com juros maiores; Palocci descarta "vôo de galinha"

PIB sobe 5,2% em 2004, mas já perde fôlego

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A economia brasileira registrou em 2004 o maior crescimento desde 1994, mas acabou o ano já mostrando sinais de desaceleração no último trimestre.
Apesar do final de ano fraco, o governo comemorou o resultado de 2004. "Não há nenhuma possibilidade de "vôos de galinha" [ciclos de prosperidade de curta duração]", disse ontem o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Impulsionado principalmente pela reação do consumo doméstico, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 5,2% no ano passado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 1994, a alta havia sido de 5,9%. Em 2003, de apenas 0,5%.
O resultado de 2004 é mais do que o dobro da média anual na última década (2,4%). O PIB per capita subiu 3,7%, também a maior taxa desde 1994 e superior à média da década, de 0,9%.
Crédito mais farto, juros médios anuais mais baixos e massa salarial em alta puxaram o consumo interno em 2004, fator determinante para a expansão do PIB, segundo o IBGE. Desde 2000, o consumo doméstico não impulsionava o PIB, que vinha sendo sustentado pelo setor externo.
O resultado geral do PIB também foi impulsionados pelo aumento de 8,5% no volume de impostos sobre produtos. Esse aumento teve impacto de 0,4 ponto percentual na taxa de 5,2%, já que, sem contar os impostos, o volume efetivo de tudo o que foi produzido cresceu 4,8%.
Sob o efeito de juros mais altos e de uma acomodação depois de 12 meses de forte crescimento, o PIB subiu apenas 0,4% no último trimestre de 2004 em relação ao trimestre anterior. No terceiro trimestre, a alta havia sido de 1,1%.
Do lado da produção, a perda de fôlego da indústria -alta de 0,5% no quarto trimestre, contra 2,7% no terceiro- foi a principal causa da desaceleração. Na demanda, o maior impacto veio da queda dos investimentos (-3,9%).
O PIB do quarto trimestre anualizado corresponde a um crescimento de 1,7%, bem menor do que o dos trimestres anteriores. Para 2005, especialistas projetam uma melhora a partir do segundo trimestre, calcada na recuperação do mercado de trabalho e no afrouxamento do aperto monetário. O ano deve fechar com crescimento de 3,5% a 4%, estimam.


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