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RETOMADA
Melhora no crédito, no nível dos juros e dos salários estimula consumo interno, e setor externo perde preponderância no PIB
Reação do mercado interno puxa crescimento
DA SUCURSAL DO RIO
O ano de 2004 foi marcado pela
reação do mercado interno, que
pela primeira vez desde 2000 contribuiu mais para o PIB do que o
setor externo, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
De acordo com o instituto, a demanda interna teve alta de 4,1%
em 2004, enquanto a externa subiu menos -1,1%. Em 2003,
aconteceu o inverso: o setor externo cresceu 1,6%, sustentando a alta do PIB de 0,5%.
Naquele ano, o consumo doméstico, afetado pelo aperto da
política monetária depois da crise
de 2002, caiu 1,1%.
Consumo das famílias
Para Rebeca Palis, gerente de
Contas Nacionais do IBGE, houve, no ano passado, "uma mudança na composição do crescimento", propiciada especialmente pelo avanço do consumo das famílias.
Em 2004, o consumo das famílias (que corresponde a 56,7% do
PIB do país) aumentou 4,3%. Foi
a maior variação registrada desde
1995 e a primeira taxa positiva
desde 2001. Em 2003, o indicador
havia tido retração de 1,5%. Em
2002, de 0,4%.
No último trimestre do ano, porém, o ritmo de crescimento de
consumo das famílias caiu. Chegou a 1,3%, ante 1,7% do terceiro
trimestre.
Bráulio Borges, da consultoria
LCA, diz que tal alteração no padrão de crescimento foi positiva,
pois indica que a expansão será
mais sustentável no futuro.
Borges acredita que, em 2005, o
consumo doméstico se manterá
aquecido, graças à melhora do
mercado de trabalho, que abrirá
espaço para o crescimento da demanda por bens não-duráveis
(vestuário e alimentos). O crédito,
prevê o economista, também continuará em alta.
Segundo o IBGE, três fatores foram determinantes para o maior
crescimento do consumo doméstico no ano passado: o volume total de crédito em circulação na
economia subiu 15,1%, a massa de
salários teve alta de 1,5% e os juros
médios no ano passado foram
menores do que em 2003
-16,3%, contra 23,1%.
Crédito consignado
Considerando apenas as modalidades para pessoas físicas, a expansão do crédito foi ainda mais
vigorosa -22,2%. Boa parte desse aumento se explica pelo crédito
consignado em folha de pagamento, que avançou na esteira do
menor risco que representa para
os bancos.
Se a demanda interna se destacou, o setor externo perdeu espaço no PIB brasileiro. Não porque
as exportações foram mal, mas
sim porque as importações cresceram muito. Elas foram puxadas
especialmente pela reação da indústria, que passou a importar
mais insumos, afirmam especialistas.
As exportações subiram 18%
em 2004. Já as importações (que
na contabilidade do PIB contribuem negativamente) aumentaram 14,3%. Em 2003, as vendas
externas cresceram 9%, enquanto
as importações caíram 1,7%.
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