São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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RETOMADA

Melhora no crédito, no nível dos juros e dos salários estimula consumo interno, e setor externo perde preponderância no PIB

Reação do mercado interno puxa crescimento

DA SUCURSAL DO RIO

O ano de 2004 foi marcado pela reação do mercado interno, que pela primeira vez desde 2000 contribuiu mais para o PIB do que o setor externo, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De acordo com o instituto, a demanda interna teve alta de 4,1% em 2004, enquanto a externa subiu menos -1,1%. Em 2003, aconteceu o inverso: o setor externo cresceu 1,6%, sustentando a alta do PIB de 0,5%.
Naquele ano, o consumo doméstico, afetado pelo aperto da política monetária depois da crise de 2002, caiu 1,1%.

Consumo das famílias
Para Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE, houve, no ano passado, "uma mudança na composição do crescimento", propiciada especialmente pelo avanço do consumo das famílias.
Em 2004, o consumo das famílias (que corresponde a 56,7% do PIB do país) aumentou 4,3%. Foi a maior variação registrada desde 1995 e a primeira taxa positiva desde 2001. Em 2003, o indicador havia tido retração de 1,5%. Em 2002, de 0,4%.
No último trimestre do ano, porém, o ritmo de crescimento de consumo das famílias caiu. Chegou a 1,3%, ante 1,7% do terceiro trimestre.
Bráulio Borges, da consultoria LCA, diz que tal alteração no padrão de crescimento foi positiva, pois indica que a expansão será mais sustentável no futuro.
Borges acredita que, em 2005, o consumo doméstico se manterá aquecido, graças à melhora do mercado de trabalho, que abrirá espaço para o crescimento da demanda por bens não-duráveis (vestuário e alimentos). O crédito, prevê o economista, também continuará em alta.
Segundo o IBGE, três fatores foram determinantes para o maior crescimento do consumo doméstico no ano passado: o volume total de crédito em circulação na economia subiu 15,1%, a massa de salários teve alta de 1,5% e os juros médios no ano passado foram menores do que em 2003 -16,3%, contra 23,1%.

Crédito consignado
Considerando apenas as modalidades para pessoas físicas, a expansão do crédito foi ainda mais vigorosa -22,2%. Boa parte desse aumento se explica pelo crédito consignado em folha de pagamento, que avançou na esteira do menor risco que representa para os bancos.
Se a demanda interna se destacou, o setor externo perdeu espaço no PIB brasileiro. Não porque as exportações foram mal, mas sim porque as importações cresceram muito. Elas foram puxadas especialmente pela reação da indústria, que passou a importar mais insumos, afirmam especialistas.
As exportações subiram 18% em 2004. Já as importações (que na contabilidade do PIB contribuem negativamente) aumentaram 14,3%. Em 2003, as vendas externas cresceram 9%, enquanto as importações caíram 1,7%.


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