São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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Comércio "esfria", porém não vê crise

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A desaceleração do comércio no último trimestre do ano passado é reflexo de um efeito estatístico nas contas. Esse efeito teve impacto apenas no período analisado pelo IBGE e especialistas afirmam que o comércio continua a registrar demanda acelerada em 2005.
Dados apresentados ontem pelo instituto mostram que, de outubro a dezembro, o setor registrou uma elevação de 7,1% em volume de vendas em relação a 2003. A taxa já foi maior: o segmento vinha com uma expansão de 10,6% no terceiro trimestre do ano. Meses antes, de abril a junho, a alta foi de 8,9% sobre 2003.
Fabio Pina, economista da Fecomercio SP, afirma não só que essa perda de vigor do comércio já era esperada pelo setor como diz que o resultado apresentado ontem é positivo.
"Estamos crescendo em cima de uma base já elevada, porque a recuperação do varejo em 2003 aconteceu mesmo nos últimos meses do ano", afirma. "Prefiro muito mais um 7% de alta consistente do que 9%, 10% obtido em cima de uma base fraca", diz.
"Ainda existe uma possibilidade de que os resultados de 2005 do varejo apresentem taxas de expansão menores do que essas de 2004. Isso é natural por conta desse efeito estatístico e não pode ser encarado como sinal de crise", diz Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo.
No ano passado, segundo informou o IBGE, o varejo cresceu 7,9% sobre 2003 -ano em que foi verificada uma retração de 1,9%.
Uma explicação para a taxa de elevação menor poderia ser o aumento na taxa de juros ao consumidor. No entanto, o comércio não elevou suas taxas até dezembro de 2004. Casas Bahia, Ponto Frio, Pão de Açúcar e outras redes decidiram, por razões estratégicas, esperar o Natal passar para mexer nos juros do crediário.
É mais provável, portanto, que a escalada na taxa Selic em 2004 -o juro básico do mercado e referência do comércio- tenha efeito na demanda neste ano.
"Mesmo assim, essa possibilidade é pequena. Como o comércio está trabalhando com prazos longos, uma alta no juro pode não ser sentida no bolso do consumidor", afirma Pina.


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