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Comércio "esfria", porém não vê crise
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A desaceleração do comércio no
último trimestre do ano passado é
reflexo de um efeito estatístico nas
contas. Esse efeito teve impacto
apenas no período analisado pelo
IBGE e especialistas afirmam que
o comércio continua a registrar
demanda acelerada em 2005.
Dados apresentados ontem pelo instituto mostram que, de outubro a dezembro, o setor registrou uma elevação de 7,1% em volume de vendas em relação a 2003.
A taxa já foi maior: o segmento vinha com uma expansão de 10,6%
no terceiro trimestre do ano. Meses antes, de abril a junho, a alta
foi de 8,9% sobre 2003.
Fabio Pina, economista da Fecomercio SP, afirma não só que
essa perda de vigor do comércio já
era esperada pelo setor como diz
que o resultado apresentado ontem é positivo.
"Estamos crescendo em cima de
uma base já elevada, porque a recuperação do varejo em 2003
aconteceu mesmo nos últimos
meses do ano", afirma. "Prefiro
muito mais um 7% de alta consistente do que 9%, 10% obtido em
cima de uma base fraca", diz.
"Ainda existe uma possibilidade de que os resultados de 2005 do
varejo apresentem taxas de expansão menores do que essas de
2004. Isso é natural por conta desse efeito estatístico e não pode ser
encarado como sinal de crise", diz
Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo.
No ano passado, segundo informou o IBGE, o varejo cresceu
7,9% sobre 2003 -ano em que foi
verificada uma retração de 1,9%.
Uma explicação para a taxa de
elevação menor poderia ser o aumento na taxa de juros ao consumidor. No entanto, o comércio
não elevou suas taxas até dezembro de 2004. Casas Bahia, Ponto
Frio, Pão de Açúcar e outras redes
decidiram, por razões estratégicas, esperar o Natal passar para
mexer nos juros do crediário.
É mais provável, portanto, que a
escalada na taxa Selic em 2004
-o juro básico do mercado e referência do comércio- tenha
efeito na demanda neste ano.
"Mesmo assim, essa possibilidade é pequena. Como o comércio está trabalhando com prazos
longos, uma alta no juro pode não
ser sentida no bolso do consumidor", afirma Pina.
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