São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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RETOMADA

Para economistas, condições internacionais favoráveis ajudaram crescimento, mas país não teve destaque entre os emergentes

Brasil se beneficia de ano forte no mundo

PAULA LEITE
DA REDAÇÃO

Em um ano de crescimento econômico mundial forte, os emergentes, como o Brasil, se beneficiaram da demanda crescente dos países desenvolvidos. O FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que a economia mundial tenha crescido 5% em 2004.
"O ano passado foi generoso com as economias emergentes, e o Brasil não foi exceção", diz Renata Heinemann, economista do Banco Pátria. Para Heinemann, o país teve crescimento forte, com expansão das exportações sem prejuízo do desempenho interno, mas o desempenho do Brasil não se destacou na América Latina.
A Argentina, por exemplo, cresceu 8,8% em 2004, segundo estimativa do governo. O país vizinho se beneficiou dos preços elevados das commodities e teve crescimento alto por causa da base de comparação fraca, assim como o Brasil, segundo Heinemann. A economista considera que outros países, como México e Venezuela, que se beneficiaram da alta do petróleo, tiveram mais destaque na região.
Já para Alex Agostini, economista da consultoria GRC Visão, o Brasil não foi o único a aproveitar a expansão mundial, mas outros países tiveram mais competência para isso.
"O resultado de 2004 foi positivo, mas ele não aconteceu porque estamos fazendo a lição de casa, e sim por condições internacionais favoráveis", diz o economista.
Um exemplo, para ele, seria a Índia, que vem crescendo já há algum tempo sem crises internas, diferentemente do Brasil, que enfrentou turbulências em 2003. A Índia teve crescimento de 6,4% no ano passado, segundo estimativa do FMI.
Agostini lembra também que a média de crescimento dos países emergentes é de 3,5% ao ano, enquanto o Brasil cresceu, nos últimos dez anos, a uma média de 2,4% ao ano, taxa que o economista considera muito baixa.
Ainda que o desempenho do Brasil tenha ficado atrás do de países como China (que cresceu 9,5% em 2004) e Turquia (7%, segundo previsão do FMI), a expansão do país foi maior do que a dos principais países desenvolvidos.
Os Estados Unidos cresceram, no ano passado, 3,9%, enquanto a Europa e o Japão tiveram desempenhos bem mais fracos. Os 12 países da zona do euro cresceram só 2% em 2004; já os 25 países da União Européia se expandiram 2,3%. O Japão, que registrou retração nos últimos três trimestres, teve aumento do PIB de 2,6%.

Desaceleração em 2005
Há sinais de desaceleração na economia mundial, o que pode se refletir em menor demanda por produtos brasileiros. O FMI projeta menor crescimento da economia global, de 4%, este ano.
Outros riscos para o equilíbrio mundial são a possibilidade de novos aumentos no preço do petróleo e nos juros básicos dos Estados Unidos.
Para Agostini, porém, esses fatores não comprometem a penetração de produtos brasileiros no exterior, já que o país tem participação pequena no comércio mundial.
Heinemann diz que "haverá uma acomodação do crescimento global em 2005, mas ele ainda terá vigor expressivo". A economista não vê indícios de desaceleração nos Estados Unidos, na China e na Ásia. "A expansão mundial vai impulsionar a economia brasileira, pelo menos no primeiro semestre", diz.


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