São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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Desempenho da economia não deve se repetir em 2005, afirma Berzoini

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, avalia que será difícil a economia brasileira repetir o crescimento de 2004 neste ano. "É difícil, mas não é impossível", afirmou o ministro em entrevista à Folha depois de analisar os números divulgados pelo IBGE.
Segundo ele, 2004 foi um ano "excepcional", o que se explica em parte pela base de comparação reprimida de 2003, quando a economia cresceu apenas 0,5%.
Apesar das considerações, Berzoini está otimista e vê fôlego no crescimento da economia. Na bolsa de apostas, ele acredita ser possível registrar uma expansão do PIB entre 4% e 5% neste ano.
"Quando eu vejo um dado como esse [5,2% de crescimento] eu me entusiasmo. (...) Eu também estou otimista com o emprego neste ano. Mas só quero fixar uma previsão depois que fecharmos o resultado do emprego formal em fevereiro".
Na semana passada, o estado de espírito do ministro não era de tanto entusiasmo. Em entrevista à Folha, ele chegou a colocar em dúvida a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a criticar a trajetória de alta dos juros e a valorização contínua do real.
"As minhas opiniões em questões específicas não significam que eu não esteja otimista", afirma o ministro, acrescentando que os sinais de que a inflação está cedendo contribuíram para influenciar seu ânimo. "Com certeza não haverá razão para prosseguir com juros de 10 pontos acima da inflação se ela estiver cedendo".
O raciocínio é que o arrefecimento da inflação levará o Banco Central a afrouxar a política monetária, o que conseqüentemente pressionará o câmbio, desvalorizando o real e aumentando a competitividade dos produtos brasileiros. Hoje, um dos motivos para a valorização do real é atratividade dos títulos públicos.
Berzoini cita ainda outros motivos para deixar o pessimismo de lado: o comportamento da balança comercial entre janeiro e fevereiro, a divulgação das vendas de vários setores em janeiro e os dados do emprego formal.
O ex-ministro da Previdência afirma ainda que um crescimento econômico médio de 4,5% a 5% permitirá a redução do déficit previdenciário em relação ao PIB.
Ele defendeu também a manutenção do superávit primário em 4,25% do PIB e voltou a se colocar a favor da elevação da meta de inflação. "O melhor seria adotar um núcleo de inflação, para que se pudesse abstrair fatores que não dependem de juros", declarou.


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