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Desempenho da economia não deve se
repetir em 2005, afirma Berzoini
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, avalia que será difícil
a economia brasileira repetir o
crescimento de 2004 neste ano. "É
difícil, mas não é impossível",
afirmou o ministro em entrevista
à Folha depois de analisar os números divulgados pelo IBGE.
Segundo ele, 2004 foi um ano
"excepcional", o que se explica
em parte pela base de comparação reprimida de 2003, quando a
economia cresceu apenas 0,5%.
Apesar das considerações, Berzoini está otimista e vê fôlego no
crescimento da economia. Na
bolsa de apostas, ele acredita ser
possível registrar uma expansão
do PIB entre 4% e 5% neste ano.
"Quando eu vejo um dado como esse [5,2% de crescimento] eu
me entusiasmo. (...) Eu também
estou otimista com o emprego
neste ano. Mas só quero fixar uma
previsão depois que fecharmos o
resultado do emprego formal em
fevereiro".
Na semana passada, o estado de
espírito do ministro não era de
tanto entusiasmo. Em entrevista à
Folha, ele chegou a colocar em
dúvida a reeleição do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e a criticar a trajetória de alta dos juros e a
valorização contínua do real.
"As minhas opiniões em questões específicas não significam
que eu não esteja otimista", afirma o ministro, acrescentando que
os sinais de que a inflação está cedendo contribuíram para influenciar seu ânimo. "Com certeza não
haverá razão para prosseguir com
juros de 10 pontos acima da inflação se ela estiver cedendo".
O raciocínio é que o arrefecimento da inflação levará o Banco
Central a afrouxar a política monetária, o que conseqüentemente
pressionará o câmbio, desvalorizando o real e aumentando a
competitividade dos produtos
brasileiros. Hoje, um dos motivos
para a valorização do real é atratividade dos títulos públicos.
Berzoini cita ainda outros motivos para deixar o pessimismo de
lado: o comportamento da balança comercial entre janeiro e fevereiro, a divulgação das vendas de
vários setores em janeiro e os dados do emprego formal.
O ex-ministro da Previdência
afirma ainda que um crescimento
econômico médio de 4,5% a 5%
permitirá a redução do déficit
previdenciário em relação ao PIB.
Ele defendeu também a manutenção do superávit primário em
4,25% do PIB e voltou a se colocar
a favor da elevação da meta de inflação. "O melhor seria adotar um
núcleo de inflação, para que se
pudesse abstrair fatores que não
dependem de juros", declarou.
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