|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RETOMADA
Ministro usa resultados do PIB para defender agenda do governo no Congresso; para ele, "Brasil precisa construir uma pauta política"
Palocci vê crescimento equilibrado do país
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na previsível entrevista coletiva
destinada a comemorar os números do crescimento econômico, o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) proclamou o fim dos
"vôos de galinha" -os ciclos de
prosperidade de curta duração-
e usou os resultados como argumento em favor da agenda legislativa do governo, que enfrenta resistências da oposição e dos partidos aliados.
"O Brasil precisa ter confiança
nesses números e conseguir construir uma pauta política que responda às necessidades de continuidade desse crescimento. Não é
um momento de exacerbar eventuais diferenças políticas. O momento de exacerbar diferenças
políticas, e isso é saudável, é o momento eleitoral."
O governo vive um período adverso no Congresso, que culminou na derrota do PT na disputa
pela presidência da Câmara, que
ficou com Severino Cavalcanti
(PP-PE). Há projetos considerados estratégicos emperrados, como a reforma tributária e as novas
regras para as agências reguladoras. Propostas mais polêmicas,
como a reforma trabalhista e a autonomia do Banco Central, foram
praticamente descartadas.
Na visão da Fazenda, essa agenda é fundamental para dar confiança a empresários e investidores, o que resultaria em maior impulso à expansão do PIB (Produto
Interno Bruto), ainda muito vinculada ao bom momento da economia global -embora o discurso oficial pregue que o crescimento já é "sustentável".
"Este é o momento de aumentar
a coesão do país em torno das metas de crescimento, de aperfeiçoamento das reformas, das questões
que estão hoje no Congresso",
disse Palocci, com a ressalva de
que sua intenção não é usar os números do PIB para convencer os
parlamentares.
Sem "vôo de galinha"
Como tem ocorrido desde o início da recuperação da atividade
produtiva, a divulgação dos números do PIB serviu de oportunidade para a defesa da política econômica em geral, e da política
monetária em particular.
"Não há nenhuma possibilidade de "vôos de galinha'", afirmou
Palocci, em referência à expressão
celebrizada para a definição dos
períodos breves e logo abortados
de crescimento econômico que
caracterizaram a economia brasileira desde a década de 80. "O Brasil pode crescer de forma equilibrada por muitos anos." Neste
ano, o mercado e os especialistas
esperam uma redução da taxa de
crescimento, para, em média,
3,7%.
O ministro amparou seu raciocínio na combinação de indicadores inédita na história recente do
país: expansão do PIB com forte
superávit comercial, déficit e dívida pública em queda, inflação
controlada. Palocci incluiu ainda
na lista o aumento da taxa de investimento registrado pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
Até o Copom -colegiado do
BC que define os juros e promoveu seis aumentos consecutivos
das taxas- mereceu elogios. "O
tempo mostrou que as iniciativas
do Copom se mostraram acertadas", disse Palocci, ao recordar a
"polêmica" em torno das decisões
do BC.
Apesar da defesa pública, a política monetária é alvo de críticas
no governo e, de forma reservada,
no próprio Ministério da Fazenda. Desde setembro, a taxa básica
de juros, que serve de referência
para as operações bancárias, foi
elevada de 16% para 18,75% ao
ano, o que ajuda explicar a queda
da expectativa de crescimento
neste ano.
Espera-se neste mês nova alta
dos juros, para 19%, e o BC já avisou que a taxa só volta a cair
quando houver segurança de
cumprimento da meta de inflação
de 2005, de 5,1%. "Mais uma vez a
política monetária cumpre um
papel importante no controle da
inflação", disse Palocci.
Texto Anterior: Governo resiste a tornar-se membro da organização Próximo Texto: Desempenho da economia não deve se repetir em 2005, afirma Berzoini Índice
|