São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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Empresários querem que MP seja votada já

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Membros da Frente Brasileira contra a MP 232 estarão hoje em Brasília para pedir à comissão mista criada para analisar a medida que a coloquem imediatamente em votação no Congresso.
A comissão, presidida pelo deputado Francisco Dornelles (PP-RJ), tem 30 dias para analisar a MP e submeter seu parecer aos congressistas.
Segundo a Folha apurou junto às lideranças empresariais contrárias à medida, a estratégia é pedir ao Congresso que vote já a MP.
O objetivo é evitar que o clima de revolta atual contra a 232 seja esvaziado ao longo das próximas semanas e aproveitar um "vento favorável" entre os deputados.
Os empresários acreditam que há um sentimento amplamente contrário no Congresso à aprovação da MP. Esse clima teria paralelo com a reviravolta que derrotou o PT e elegeu, há duas semanas, o novo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). O próprio Severino já se pronunciou desfavorável à MP.
Na visão dos empresários, o adiamento do início da vigência da MP ontem demonstraria que o governo está enfraquecido em sua posição e que os deputados estariam dispostos a derrubar a medida.
Além de pedir que a 232 seja colocada em votação imediatamente, a frente empresarial vai lançar hoje, em Brasília, uma Proposta de Emenda Constitucional proibindo que matérias tributárias sejam editadas via MPs.
Na expressão de um dos membros da frente, o objetivo é "fechar a boca do monstro" (os aumentos de impostos), que vêm permitindo ao governo continuar elevando seus gastos de modo considerado "incontrolável".
Segundo algumas lideranças da Frente contra a MP 232, os deputados também se sentiram traídos pela edição da 232, pois esperavam que a medida contivesse apenas a correção em 10% da tabela do Imposto de Renda.
Os empresários da frente também vêm mantendo contato com os deputados do chamado "baixo clero" na Câmara, responsáveis pela vitória de Severino na eleição da Casa.
Foi identificado entre esses parlamentares um sentimento de que eles poderiam ganhar força contra o governo caso matérias tributárias fossem editadas somente por meio de projetos de lei, e não pela via das MPs -consideradas abusivas por muitos deputados.

Fiesp
Ontem, durante reunião da Frente em São Paulo, alguns líderes questionaram publicamente a posição, considerada "dúbia", da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em relação à MP.
Várias lideranças afirmam que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, está negociando pontos da MP em separado com o governo, o que enfraqueceria o movimento contra a medida. Skaf nega.
Ontem, Skaf não foi ao encontro dos empresários. Instado a declarar-se frontalmente contra a totalidade da MP, o diretor-adjunto da Fiesp, Márcio Giusti, preferiu uma resposta diplomática, o que não agradou aos presentes.


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