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Procura por pacotes para o exterior cresce 20%
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
A situação ainda não é a mesma dos tempos de paridade
com o dólar, logo depois da implantação do Plano Real, mas
os brasileiros já voltam a se animar com a moeda local forte,
agora aliada ao aumento de
renda, juros mais baixos e parcelamento a perder de vista.
A Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) contabiliza aumento de 20% nos
pacotes vendidos para o exterior no início deste ano, com relação ao mesmo período em
2007. A entidade não detalhou
os dados por país, mas a desvalorização da moeda americana
alavanca todos os destinos internacionais, pois as passagens
aéreas são cotadas em dólar.
Carlos Ferreira, presidente
da Abav, lembra que o incremento nessas viagens começou
no ano passado, quando o caos
aéreo se agravou, penalizando
os vôos domésticos. Em 2007,
com relação a 2006, os passeios
ao exterior com a intermediação de agências cresceu 15%.
O Nordeste foi a região que
mais perdeu visitantes, que,
após as contas, preferiram conhecer outros países da América do Sul, do Caribe ou os EUA.
Um dos segmentos que puxam essa expansão é o de cruzeiros marítimos. Segundo
Ferreira, aumentaram o tamanho e o número de navios e o
tempo de duração da viagem. A
temporada que ia de dezembro
a março agora já se estende pelo período de novembro a abril.
Dados do Banco Central divulgados na semana passada
mostram que os gastos de turistas brasileiros no exterior bateram mais um recorde. Em janeiro, essas despesas contabilizaram US$ 975 milhões, o patamar mais alto desde o início da
série histórica, em 1947, e 70%
superior a igual mês de 2007.
Na Central de Intercâmbio,
houve crescimento de 50% na
procura por cursos de idioma
nos primeiros meses do ano.
No caso de pacotes para jovens
que desejam cursar o ensino
médio no exterior, a alta foi de
60%, e no de programas de estágio de "au pair" (babá), 150%.
"Hoje os brasileiros estão
culturalmente mais ávidos por
uma experiência internacional
do que há um ano, e o dólar
contribuiu de maneira muito
forte para isso", diz Jan Wrede,
diretor comercial da empresa.
O real forte também tornou
mais difícil levar executivos
brasileiros para atuar no exterior. Em média, esses profissionais passam de três a cinco
anos fora do país, e fazer o "pé-de-meia" na moeda norte-americana já não é mais tão interessante. "É melhor continuar no
Brasil, recebendo em reais",
pondera Renato Rovina, da
consultoria Hewitt Associates.
Ele afirma que só os mais jovens ainda aceitam ir para os
EUA ganhando menos do que o
equivalente no Brasil. Os mais
experientes querem remuneração igual ou maior do que a dos
profissionais americanos. No
caminho inverso, trazer estrangeiros ou brasileiros expatriados de volta tem se tornado
mais fácil, afirma.
Importados
Para quem não vai sair do
país, é possível usufruir da queda do dólar em alguns importados. Jorge Lopes, da Casa Santa
Luzia, tradicional empório de
São Paulo, conta que está trazendo produtos que antes
"eram relativamente muito caros". Até 2005, os itens trazidos
do exterior representavam
50% do faturamento, fatia que
deve beirar os 60% neste ano.
Rodrigo Lanari, gerente da
Expand, contabiliza que o volume de vinhos finos importados
tem crescido cerca de 20% ao
ano nos últimos três anos. Não
houve queda nos preços, diz,
mas o dólar evitou a elevação, já
que houve aumento do produto
nos países de origem e de insumos como rolhas e garrafas.
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