São Paulo, domingo, 02 de março de 2008

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Procura por pacotes para o exterior cresce 20%

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

A situação ainda não é a mesma dos tempos de paridade com o dólar, logo depois da implantação do Plano Real, mas os brasileiros já voltam a se animar com a moeda local forte, agora aliada ao aumento de renda, juros mais baixos e parcelamento a perder de vista.
A Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) contabiliza aumento de 20% nos pacotes vendidos para o exterior no início deste ano, com relação ao mesmo período em 2007. A entidade não detalhou os dados por país, mas a desvalorização da moeda americana alavanca todos os destinos internacionais, pois as passagens aéreas são cotadas em dólar.
Carlos Ferreira, presidente da Abav, lembra que o incremento nessas viagens começou no ano passado, quando o caos aéreo se agravou, penalizando os vôos domésticos. Em 2007, com relação a 2006, os passeios ao exterior com a intermediação de agências cresceu 15%.
O Nordeste foi a região que mais perdeu visitantes, que, após as contas, preferiram conhecer outros países da América do Sul, do Caribe ou os EUA.
Um dos segmentos que puxam essa expansão é o de cruzeiros marítimos. Segundo Ferreira, aumentaram o tamanho e o número de navios e o tempo de duração da viagem. A temporada que ia de dezembro a março agora já se estende pelo período de novembro a abril.
Dados do Banco Central divulgados na semana passada mostram que os gastos de turistas brasileiros no exterior bateram mais um recorde. Em janeiro, essas despesas contabilizaram US$ 975 milhões, o patamar mais alto desde o início da série histórica, em 1947, e 70% superior a igual mês de 2007.
Na Central de Intercâmbio, houve crescimento de 50% na procura por cursos de idioma nos primeiros meses do ano. No caso de pacotes para jovens que desejam cursar o ensino médio no exterior, a alta foi de 60%, e no de programas de estágio de "au pair" (babá), 150%.
"Hoje os brasileiros estão culturalmente mais ávidos por uma experiência internacional do que há um ano, e o dólar contribuiu de maneira muito forte para isso", diz Jan Wrede, diretor comercial da empresa.
O real forte também tornou mais difícil levar executivos brasileiros para atuar no exterior. Em média, esses profissionais passam de três a cinco anos fora do país, e fazer o "pé-de-meia" na moeda norte-americana já não é mais tão interessante. "É melhor continuar no Brasil, recebendo em reais", pondera Renato Rovina, da consultoria Hewitt Associates.
Ele afirma que só os mais jovens ainda aceitam ir para os EUA ganhando menos do que o equivalente no Brasil. Os mais experientes querem remuneração igual ou maior do que a dos profissionais americanos. No caminho inverso, trazer estrangeiros ou brasileiros expatriados de volta tem se tornado mais fácil, afirma.

Importados
Para quem não vai sair do país, é possível usufruir da queda do dólar em alguns importados. Jorge Lopes, da Casa Santa Luzia, tradicional empório de São Paulo, conta que está trazendo produtos que antes "eram relativamente muito caros". Até 2005, os itens trazidos do exterior representavam 50% do faturamento, fatia que deve beirar os 60% neste ano.
Rodrigo Lanari, gerente da Expand, contabiliza que o volume de vinhos finos importados tem crescido cerca de 20% ao ano nos últimos três anos. Não houve queda nos preços, diz, mas o dólar evitou a elevação, já que houve aumento do produto nos países de origem e de insumos como rolhas e garrafas.


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