São Paulo, domingo, 02 de abril de 2000


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e@NEGÓCIOS
Analistas vêem dificuldade na criação de uma Nasdaq no país; custo para abrir capital é obstáculo
EUA sugam "nova economia" do Brasil

da Reportagem Local

Pelo menos 12 das 15 mais importantes empresas de Internet do país querem abrir seu capital nos EUA nos próximos meses -isto é, vender suas ações para obter mais recursos.
A avaliação é de Achilles Couto, diretor para a América Latina da Nasdaq, a Bolsa eletrônica dos EUA. O poder de atração da Nasdaq preocupa os analistas brasileiros. A avaliação da maioria é que dificilmente será possível criar algo similar no Brasil.
O Brasil já tem sua Bolsa eletrônica, a Soma, que deveria exercer aqui o papel que a Nasdaq exerce nos EUA. É muito improvável, no entanto, que a Soma possa oferecer alguma resistência à atração da Bolsa norte-americana.
Enquanto espera-se que mais de dez empresas dirijam-se à Nasdaq, a Soma deve anunciar a entrada de quatro novas empresas.
Em janeiro, a Soma movimentou US$ 31,5 milhões. Sua congênere norte-americana girou US$ 1,8 trilhão no mesmo período. É uma luta de Davi e Golias e, nesse caso, poucos apostam que a história bíblica possa se repetir.
Um dos otimistas é o presidente da Soma, Romeu Pasquantonio. Ele acredita que o melhor caminho para as empresas é abrir capital no Brasil. "A chegada à Nasdaqé uma escada", diz.
Na sua avaliação, a passagem pelas Bolsas brasileiras é um degrau obrigatório. "O custo para abrir capital nos EUA é de US$ 2 milhões. Poucas empresas podem arcar com esse custo", afirma.
Mas ele admite que as maiores empresas podem recorrer ao mercado dos EUA. Aos brasileiros que quiserem investir em ações da nova economia, restariam papéis de segunda linha.
Couto confirma os altos custos para que uma empresa lance seus papéis nos Estados Unidos, mas faz uma ressalva: "Em uma operação bem feita, ela recupera facilmente esse investimento na captação de recursos".

Mais problemas
Não é só a concorrência da Nasdaq que abala o mercado de capitais brasileiro. Os brasileiros nunca encararam ações como uma opção de poupança. Uma parcela muito pequena da população investe no mercado acionário.
Muitos empresários nem sequer sabem como funciona o mercado de capitais. Na última semana, num seminário sobre abertura de capitais, os palestrantes esforçavam-se para explicar porque os preços das ações sobem ou caem.
Algumas normas da Comissão de Valores Mobiliários também dificultam a vida das empresas virtuais. Apenas empresas com mais de três anos de existência podem abrir capital no Brasil. Isso, na prática, impede que a maioria entre na Bolsa. (MB)


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