São Paulo, domingo, 02 de abril de 2000


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INTERNET DE RISCO
Aumenta oferta de capital, mas projeto de empresário iniciante é falho
Novas empresas ficam na gaveta

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

GABRIEL J. DE CARVALHO da Redação

As idéias são muitas, mas poucas conseguem convencer os investidores a colocar dinheiro em um projeto na Internet.
Existem administradoras de fundos que, a cada 500 propostas recebidas, tornam-se sócias de apenas três, ou 0,6% delas.
Nos Estados Unidos, segundo a A. T. Kearney, esse percentual não é muito diferente. Cerca de 1% dos projetos conseguem sócios para bancar investimentos.
Apesar de a grande maioria dos projetos ficar apenas na esfera da idéia, não param de crescer nos Estados Unidos. No Brasil, também crescem os grupos de investidores e empresas administradoras de recursos para projetos na Internet.
Nos Estados Unidos, esse mercado movimentou, no ano passado, cerca de US$ 48,3 bilhões, o que representou crescimento de 151,6% sobre 98, segundo a Associação Nacional de Venture Capital (capital de risco) dos EUA.
No Brasil, essa indústria pegou força com o Plano Real, já que os investidores sentiram-se mais seguros para colocar dinheiro em um negócio que, tradicionalmente, dá retorno após cinco anos.
Essa indústria é composta por fundos, formados para investir na rede mundial, e por empresas que administram esses recursos.
A previsão das empresas que administram os fundos é que esse mercado já movimenta cerca de US$ 2,5 bilhões no Brasil (ou quanto eles têm aplicado em empresas) e tem potencial para se multiplicar muito rapidamente.
Funciona assim: um grupo de investidores se reúne para colocar dinheiro num novo negócio, como sócios. Geralmente são cerca de dez instituições, como companhias de seguro, fundos de pensão e bancos, que têm a mesma filosofia de investimento.
A Internet surge como a grande atração desse mercado no país, que já conta com algumas dezenas de empresas para administrar os fundos. Muitas delas apareceram nos últimos cinco anos.
A Westsphere do Brasil, filial de uma empresa norte-americana, atua no país desde 95. Já tem comprometidos recursos da ordem de US$ 150 milhões para aplicar em novos projetos no Brasil.
"Estamos em busca das novas idéias", diz Paulo Chueri, sócio-diretor da Westsphere. Elas não faltam, só que são analisadas com muito cuidado pelos investidores.
Basta dizer que a Westsphere recebe uma média de dez projetos por semana. Desses, ela analisa dois ou três com mais atenção. No final, de cada cem projetos entra como sócio em um, em média.
Hoje, a empresa administra fundos que são sócios em cinco empresas, o que soma investimentos de US$ 115 milhões. A participação dos fundos nos projetos varia de 20% a 51% do capital total dos empreendimentos.
"A Internet está alimentando a indústria de venture capital no Brasil", afirma Felipe Brando, sócio-diretor da BLM Venture Capital, que já tem em mãos US$ 20 milhões para investir na Internet.
Segundo ele, a empresa recebe mais ou menos cinco projetos para análise por semana. Recentemente, decidiu tornar-se sócia de um portal de construção civil. A BLM, segundo Brando, busca 70% de retorno ao ano.
A Advent Corporation, de origem norte-americana, está no Brasil desde 97. Recebe de três a quatro projetos por semana.
Patrice Etlin, sócio-diretor, diz que a empresa já analisou no país cerca de 500 propostas. Até agora é sócia somente em três. Tem 25% do capital da Microsiga, 49% da Card Systems e 23% da Flamengo Licenciamento.
"O retorno que os investidores buscam é de 30% a 40% ao ano. Por isso, eles analisam com muito cuidado os investimentos", diz Chueri.
"Significa que a cada US$ 1.000 aplicados, o retorno esperado é de US$ 4.500 em cinco anos."
A Stratus Investimentos, empresa nacional criada no final de 98, tem à disposição US$ 25 milhões para administrar e está concluindo a participação em três projetos (nas áreas de mídia, automação de pontos-de-venda e Internet), informa Álvaro Gonçalves, sócio-diretor.
Segundo ele, a empresa de venture capital é remunerada por uma taxa de administração e quando vende a participação dos investidores recebe uma taxa de performance.


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