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INTERNET DE RISCO
Aumenta oferta de capital, mas projeto de empresário iniciante é falho
Novas empresas ficam na gaveta
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação
As idéias são muitas, mas poucas conseguem convencer os investidores a colocar dinheiro em
um projeto na Internet.
Existem administradoras de
fundos que, a cada 500 propostas
recebidas, tornam-se sócias de
apenas três, ou 0,6% delas.
Nos Estados Unidos, segundo a
A. T. Kearney, esse percentual
não é muito diferente. Cerca de
1% dos projetos conseguem sócios para bancar investimentos.
Apesar de a grande maioria dos
projetos ficar apenas na esfera da
idéia, não param de crescer nos
Estados Unidos. No Brasil, também crescem os grupos de investidores e empresas administradoras de recursos para projetos na
Internet.
Nos Estados Unidos, esse mercado movimentou, no ano passado, cerca de US$ 48,3 bilhões, o
que representou crescimento de
151,6% sobre 98, segundo a Associação Nacional de Venture Capital (capital de risco) dos EUA.
No Brasil, essa indústria pegou
força com o Plano Real, já que os
investidores sentiram-se mais seguros para colocar dinheiro em
um negócio que, tradicionalmente, dá retorno após cinco anos.
Essa indústria é composta por
fundos, formados para investir na
rede mundial, e por empresas que
administram esses recursos.
A previsão das empresas que
administram os fundos é que esse
mercado já movimenta cerca de
US$ 2,5 bilhões no Brasil (ou
quanto eles têm aplicado em empresas) e tem potencial para se
multiplicar muito rapidamente.
Funciona assim: um grupo de
investidores se reúne para colocar
dinheiro num novo negócio, como sócios. Geralmente são cerca
de dez instituições, como companhias de seguro, fundos de pensão e bancos, que têm a mesma filosofia de investimento.
A Internet surge como a grande
atração desse mercado no país,
que já conta com algumas dezenas de empresas para administrar
os fundos. Muitas delas apareceram nos últimos cinco anos.
A Westsphere do Brasil, filial de
uma empresa norte-americana,
atua no país desde 95. Já tem comprometidos recursos da ordem de
US$ 150 milhões para aplicar em
novos projetos no Brasil.
"Estamos em busca das novas
idéias", diz Paulo Chueri, sócio-diretor da Westsphere. Elas não
faltam, só que são analisadas com
muito cuidado pelos investidores.
Basta dizer que a Westsphere
recebe uma média de dez projetos
por semana. Desses, ela analisa
dois ou três com mais atenção. No
final, de cada cem projetos entra
como sócio em um, em média.
Hoje, a empresa administra
fundos que são sócios em cinco
empresas, o que soma investimentos de US$ 115 milhões. A
participação dos fundos nos projetos varia de 20% a 51% do capital total dos empreendimentos.
"A Internet está alimentando a
indústria de venture capital no
Brasil", afirma Felipe Brando, sócio-diretor da BLM Venture Capital, que já tem em mãos US$ 20
milhões para investir na Internet.
Segundo ele, a empresa recebe
mais ou menos cinco projetos para análise por semana. Recentemente, decidiu tornar-se sócia de
um portal de construção civil. A
BLM, segundo Brando, busca
70% de retorno ao ano.
A Advent Corporation, de origem norte-americana, está no
Brasil desde 97. Recebe de três a
quatro projetos por semana.
Patrice Etlin, sócio-diretor, diz
que a empresa já analisou no país
cerca de 500 propostas. Até agora
é sócia somente em três. Tem 25%
do capital da Microsiga, 49% da
Card Systems e 23% da Flamengo
Licenciamento.
"O retorno que os investidores
buscam é de 30% a 40% ao ano.
Por isso, eles analisam com muito
cuidado os investimentos", diz
Chueri.
"Significa que a cada US$ 1.000
aplicados, o retorno esperado é de
US$ 4.500 em cinco anos."
A Stratus Investimentos, empresa nacional criada no final de
98, tem à disposição US$ 25 milhões para administrar e está concluindo a participação em três
projetos (nas áreas de mídia, automação de pontos-de-venda e
Internet), informa Álvaro Gonçalves, sócio-diretor.
Segundo ele, a empresa de venture capital é remunerada por
uma taxa de administração e
quando vende a participação dos
investidores recebe uma taxa de
performance.
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