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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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Para economista, índice pode recuar a 700 pontos com reformas

Risco-país caiu por causa do aperto fiscal, diz Leme

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O economista Paulo Leme, 48, da Goldman Sachs, acha que o aperto fiscal e monetário promovido pelo atual governo é um dos motivos da queda do risco-país dos 2.500 pontos de outubro para os 1.000 pontos de agora.
Leme reconhece, no entanto, que há uma corrida por parte dos grandes fundos de pensão aos mercados dos países emergentes, e o Brasil é considerado um dos mais procurados, já que oferece alta rentabilidade e baixo risco. "O Brasil virou moda", diz Leme.
A seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - A que se deve esse otimismo em relação ao Brasil?
Paulo Leme -
Não é bem otimismo, mas sim uma avaliação da forma correta do governo do PT. O aperto fiscal e monetário promovido pela equipe econômica merece parte do crédito pela redução do risco-país dos 2.500 pontos de outubro para os 1.000 pontos de agora.

Folha - Os juros altos no Brasil também não são um forte fator de atração de capitais?
Leme -
Há também motivos técnicos para essa melhora do risco-país. Como os grandes fundos de pensão não estão encontrando retorno atraente nas suas aplicações em renda variável nos países desenvolvidos, já que o desempenho das Bolsas nesses países tem sido sofrível, os mercados dos países emergentes voltaram a se tornar atrativos. O Brasil é o único país que oferece rentabilidade alta com percepção mais baixa de risco. O Brasil virou moda.

Folha - A queda do risco-país vai continuar?
Leme -
À medida que o governo mantiver a atual política macroeconômica e aprovar as reformas, não seria surpreendente, num prazo de seis meses, o risco-país cair para uma faixa entre 700 e 800 pontos.

Folha - O que não está dando certo hoje no país?
Leme -
A queda do investimento direto estrangeiro tem muito mais a ver com erros na política microeconômica do que com qualquer outra coisa. A imprevisibilidade que existe hoje no país com relação à política tarifária em setores como telecomunicações e energia é um fator muito importante de inibição do investimento direto. O que tem de clareza na macro falta na microeconomia.

Folha - Com a queda da inflação o sr. acredita na possibilidade de redução dos juros?
Leme -
A inflação está em processo de queda. A batalha contra a inflação está bem encaminhada, mas não está vencida. O BC ainda deve fazer um aumento dos juros, de 26,5% para 27,5%.

Folha - Quando haverá espaço para a queda dos juros?
Leme -
Haverá espaço, sim, quando for concluído o ciclo restritivo de política monetária. Esse novo aumento dos juros pode demorar um mês, por exemplo, mas acredito que o espaço será maior no segundo semestre.

Folha - O sr. vê necessidade de maior superávit primário em 2004?
Leme -
Seria desejável o aumento do superávit primário para 2004. Acho que poderia subir da atual meta de 4,25% para 4,5% do PIB ou até mesmo 4,75%.


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