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Para economista, índice pode recuar a 700 pontos com reformas
Risco-país caiu por causa do aperto fiscal, diz Leme
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O economista Paulo Leme, 48,
da Goldman Sachs, acha que o
aperto fiscal e monetário promovido pelo atual governo é um dos
motivos da queda do risco-país
dos 2.500 pontos de outubro para
os 1.000 pontos de agora.
Leme reconhece, no entanto,
que há uma corrida por parte dos
grandes fundos de pensão aos
mercados dos países emergentes,
e o Brasil é considerado um dos
mais procurados, já que oferece
alta rentabilidade e baixo risco.
"O Brasil virou moda", diz Leme.
A seguir, os principais trechos
da entrevista.
Folha - A que se deve esse otimismo em relação ao Brasil?
Paulo Leme - Não é bem otimismo, mas sim uma avaliação da
forma correta do governo do PT.
O aperto fiscal e monetário promovido pela equipe econômica
merece parte do crédito pela redução do risco-país dos 2.500
pontos de outubro para os 1.000
pontos de agora.
Folha - Os juros altos no Brasil
também não são um forte fator de
atração de capitais?
Leme - Há também motivos técnicos para essa melhora do risco-país. Como os grandes fundos de
pensão não estão encontrando retorno atraente nas suas aplicações
em renda variável nos países desenvolvidos, já que o desempenho das Bolsas nesses países tem
sido sofrível, os mercados dos
países emergentes voltaram a se
tornar atrativos. O Brasil é o único
país que oferece rentabilidade alta
com percepção mais baixa de risco. O Brasil virou moda.
Folha - A queda do risco-país vai
continuar?
Leme - À medida que o governo
mantiver a atual política macroeconômica e aprovar as reformas,
não seria surpreendente, num
prazo de seis meses, o risco-país
cair para uma faixa entre 700 e 800
pontos.
Folha - O que não está dando certo hoje no país?
Leme - A queda do investimento
direto estrangeiro tem muito
mais a ver com erros na política
microeconômica do que com
qualquer outra coisa. A imprevisibilidade que existe hoje no país
com relação à política tarifária em
setores como telecomunicações e
energia é um fator muito importante de inibição do investimento
direto. O que tem de clareza na
macro falta na microeconomia.
Folha - Com a queda da inflação o
sr. acredita na possibilidade de redução dos juros?
Leme - A inflação está em processo de queda. A batalha contra a
inflação está bem encaminhada,
mas não está vencida. O BC ainda
deve fazer um aumento dos juros,
de 26,5% para 27,5%.
Folha - Quando haverá espaço
para a queda dos juros?
Leme - Haverá espaço, sim,
quando for concluído o ciclo restritivo de política monetária. Esse
novo aumento dos juros pode demorar um mês, por exemplo, mas
acredito que o espaço será maior
no segundo semestre.
Folha - O sr. vê necessidade de
maior superávit primário em 2004?
Leme - Seria desejável o aumento do superávit primário para
2004. Acho que poderia subir da
atual meta de 4,25% para 4,5% do
PIB ou até mesmo 4,75%.
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